Com a campanha de milho a chegar ao fim chega a hora de fazermos um balanço! – João Coimbra

Numa altura em que o país se encontra numa agonia coletiva é o sector que está de parabéns uma vez que assistimos hoje a um sector animado com os seus resultados, a gerar riqueza, a investir e a criar empregos.

Entre muitas outras evidências, acabámos por confirmar a vitalidade do sector em iniciativas como a Agroglobal: um evento de excelência e referência para todo o setor. Mais do que uma mostra do que o melhor se faz em Portugal na área das grandes culturas como o milho, foi um sinal de um sector dinâmico que atrai investidores e empresas que apostam fortemente na sua visibilidade. A Agroglobal 2012, à semelhança dos anos anteriores, acaba por ser um importante ponto de encontro de todos os sectores comerciais e institucionais.

Este ano também os agrupamentos associados da ANPROMIS, cientes dos riscos comerciais que a campanha trazia (maior área mundial de milho das últimas décadas) e de forma a protegerem o sector dos fortíssimos riscos da volatilidade, apostaram em novas estratégias de comercialização, antecipando as vendas e promovendo a comercialização do produto em larga escala, assegurado uma cotação bastante confortável para os produtores.

Quando iniciámos a campanha, Portugal atravessava um período de seca extrema o que nos levou a sentir a grande vantagem da existência do regadio nas diferentes zonas de produção. Independentemente das condições climatéricas, foi-nos possível semear em condições desfavoráveis, uma vez que as reservas de água estavam asseguradas na maioria das nossas explorações.

Chegados os meses quentes de verão assistimos à maior seca dos últimos 50 anos nos EUA e nas grandes áreas produtoras de milho no leste europeu. Quantos de nós não nos teremos já interrogado sobre a mais valia e o potencial dos nossos regadios?

Com estes fenómenos climatéricos cada vez mais acentuados verificamos que o nosso sistema produtivo baseado no regadio tem uma razão de ser cada vez mais relevante. Só com uma aposta significativa no regadio é possível enfrentar e ajudar a amortecer os nefastos efeitos da falta de água.

Quando a legislação europeia teima em contrariar o investimento no regadio, temos este ano a demonstração cabal da vantagem em possuirmos sistemas de rega modernos e eficientes.

O investimento no regadio não só é prioritário como deve constituir uma aposta estratégica para todo o sul da Europa e uma prioridade da nossa agricultura de modo a assegurar as necessárias reservas de água fundamentais à sustentabilidade dos nossos sistemas de produção.

Resta-nos ainda referir que temos aí o PRODER com as candidaturas à ação 1.1.1, abertas em contínuo e com novas regras que vêm ao encontro das nossas pretensões: acabar com as fileiras estratégicas, aumentar as percentagem de apoio e introduzir mais valias ambientais.

Posto isto nunca é demais referir que devemos investir principalmente na melhoria dos nossos sistemas de produção, tornando-os mais competitivos ao nível do uso dos fatores de produção (energia e água), privilegiando os investimentos em regadios mais eficientes e apostando na drenagem dos nossos solos.

Com os stocks de milho ao nível mais baixo de sempre, espera por nós um mercado avido da nossa produção.

Temos um produto de primeira necessidade que não é influenciado pela contração do consumo a nível regional. Temos preço que remunera devidamente o nosso produto. Temos capacidade de produção. Temos vontade de produzir!

Quantos sectores podem afirmar o mesmo?

João Coimbra
Director da ANPROMIS – Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo


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