Comando mais qualificado nos fogos permitia “poupar vidas já em 2023”

Quatro peritos australianos em fogos florestais estiveram três semanas em Portugal a conhecer e analisar o nosso sistema de combate a incêndios e sugerem várias mudanças. Saiba o que propõem.

Uma nova organização das operações de combate aos fogos florestais, essencialmente restringindo o comando de grandes incêndios a pessoas com a qualificação e a experiência necessária, seria suficiente para melhorar de forma substancial os números da área ardida e de vidas perdidas devido a este problema.

É essa a convicção de quatro especialistas australianos em incêndios florestais que estiveram três semanas em Portugal no âmbito de um projecto que integra o programa de intercâmbio da Agência para a Gestão Integrada dos Fogos Rurais que foi financiado pela fundação Rotary International.

“Os fogos não estão a ser geridos de forma eficiente e eficaz. Maiores áreas estão a ser queimadas, mais casas e mais pessoas estão a ser ameaçadas e mais gases com efeitos de estufa estão a ir para a atmosfera, além dos efeitos adversos na vossa economia”, avalia Gary Morgan, que, desde 2007, é o CEO do Cooperative Research Centre Bushfire, um centro de investigação australiano dedicado aos fogos florestais, financiado por fundos públicos e privados.

“Os fogos não estão a ser geridos de forma eficiente e eficaz. Maiores áreas estão a ser queimadas, mais casas e mais pessoas estão a ser ameaçadas e mais gases com efeitos de estufa estão a ir para a atmosfera, além dos efeitos adversos na vossa economia”
Gary Morgan, CEO do Cooperative Research Centre Bushfire

Na base do problema, consideram os quatro peritos, está a forma como Portugal organiza as operações de combate aos incêndios florestais, sem garantir que quem comanda os teatros de operações mais complexos são as pessoas mais qualificadas e com maior experiência nessa área. Na Austrália, nos Estados Unidos, no Canadá e na Nova Zelândia, explicam, funciona o Sistema de Controlo de Incidentes, que atribuiu três níveis diferentes de qualificação, em função do conhecimento e da experiência de um qualquer operacional.

“O comandante tanto pode trabalhar na base da pirâmide como no topo”, destaca Gary Morgan. Ruth Ryan dá o seu exemplo. É engenheira florestal há quase 40 anos, os primeiros passados nos serviços públicos de combate a incêndios e os últimos a trabalhar numa empresa de plantação de madeira. Foi a primeira mulher a obter a qualificação de nível três que lhe permite comandar um incêndio deste grau (o mais elevado da escala) e não é por trabalhar agora no privado que deixa de o fazer. “Há pessoas com excelente conhecimento e experiências de fogos florestais em Portugal, mas não estão a ser usados no combate aos incêndios”, lamenta Gary.

O responsável do centro de investigação Bushfire lembra que o Sistema de Controlo de Incidentes foi adoptado a nível mundial pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações […]

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