A Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) estima que, em 2022, os vinhos do Porto e Douro tenham atingido 606 milhões de euros em comercialização, dos quais, 381 milhões são referentes à exportação, foi hoje adiantado.
À margem de um encontro entre jornalistas e os membros da direção da associação, o presidente da AEVP, António Filipe, afirmou hoje que a comercialização de vinhos do Porto e Douro deverá ascender aos números de 2021, ano em que a comercialização atingiu os 606 milhões de euros.
Com o valor das exportações “fechado” até dezembro, e que equivale a 381 milhões de euros, a AEVP prevê atingir os mesmos números de 2021, sendo que o valor do consumo interno ainda não está fechado.
De acordo com António Filipe, as “duas boias de salvação” do setor dos vinhos do Porto e Douro foram a “Doc. Douro” e o “mercado nacional”, influenciado pela retoma do turismo.
A associação prevê que, em 2022, as vendas em valor de vinho do Porto tenham diminuído 1,5% e as vendas em vinho do Douro aumentado 8,3% comparativamente a 2021.
“Infelizmente o ano não foi bom”, admitiu o presidente da AEVP, adiantando que o vinho do Porto registou quebras significativas no mercado inglês e belga, e que rondam os 22% e 13%, respetivamente.
Já as principais subidas em valor nos mercados de vinho do Porto foram registadas em Portugal (mais 22% do que em 2021), Espanha (5%), França (2%) e Canadá (1%).
Quanto ao vinho do Douro, foram sentidas quebras nos mercados da Alemanha (menos 12% do que em 2021), França (8%), Suíça (3%) e Canadá (1%), e registadas subidas no mercado de Angola (96%), Portugal (15%), Estados Unidos da América (13%), Reino Unido (5%) e Bélgica (4%).
Destacando que o setor tem de ter “mais ambição para crescer em valor e também em volume”, António Filipe defendeu a necessidade de se avançar com uma “reforma institucional” no Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), entidade pública que, disse, “não responde às exigências de flexibilidade, de capacidade de resposta e de especialização nas áreas base de competência”, como a regulamentação, proteção e defesa da Região Demarcada do Douro.
“O seu [do IVDP] orçamento é exclusivamente pago por todos nós. Necessitamos da sua autonomia financeira, para que ele nos possa acompanhar nos desafios que existem e que irão certamente agravar-se”, referiu.
No encontro, António Filipe disse ser também ambição da AEVP revisitar o Método Moreira da Fonseca para o “atualizar e adaptar aos desafios presentes e futuros”, bem como diminuir a “produtividade máxima por hectare permitida”, por forma a controlar o excedente anual de oferta do Doc. Douro, pelo que já foi criado um grupo de trabalho que será responsável por fazer um “diagnóstico pormenorizado” da região.