Feita a vindima, vem a poda que, como todas as actividades vitícolas, tem os seus riscos inerentes às agruras do tempo, às condições dos solos, aos equipamentos utilizados e aos ritmos de trabalho.
Bom seria que a segurança e saúde dos trabalhadores figurasse como peça essencial do projecto de instalação de qualquer vinha, porque ficariam, desde logo, avaliados os principais riscos e previstas as medidas mais eficazes para os controlar e/ou evitar, quer se trate dos diversos trabalhos de preparação e mobilização do solo, dos tratamentos fitossanitários, ou das vindimas e da poda.
Mas seja qual for a situação, há uma medida de extrema importância – prevista na lei, aliás, como obrigatória – sem a qual é muito difícil conseguir padrões aceitáveis de segurança e saúde no trabalho. Estamos a falar da informação e formação dos trabalhadores, a propósito das tarefas a executar e dos equipamentos e produtos a utilizar, com vista a que se sintam empenhados na melhoria das suas condições de trabalho.
No que diz respeito aos trabalhos da poda, tenha-se em conta, antes de mais, a época do ano, em que, inevitavelmente, têm de se fazer. Ou seja, os trabalhadores deverão proteger-se, convenientemente, do frio, da chuva e de outras intempéries que, como se não bastassem, contribuem para agravar os riscos de queda e escorregamento em terrenos irregulares, tanto mais quando se transportam nas mãos ferramentas cortantes, como as tesouras e facas.
Contudo, os riscos mais sérios e difíceis de controlar têm a ver com ritmos de trabalho e tarefas quase sempre repetitivas, que frequentemente dão origem a perturbações músculo-esqueléticas, de diversa gravidade e lenta recuperação. O que, em termos de prevenção, passará pela adopção de posturas correctas e de imprescindíveis pausas de trabalho para evitar, entre outro malefícios, os cortes nas mãos e dedos provocados pelas lâminas das tesouras de poda, particularmente se forem pneumáticas.
Tesouras, estas, que devem encontrar-se sempre bem afiadas e lubrificadas, até para minorar esforços inadequados, e por essa via também, o risco de tendinites, normalmente associadas a tarefas repetitivas.
As tendinites, neste caso, são devidas à maior ou menor pressão da mão repetidamente exercida sobre a tesoura que, por sua vez, deverá apresentar uma configuração ergonómica, de modo a favorecer uma utilização correcta.
Para mais informação, consultar bibliografia sobre segurança na agricultura e lesões músculo-esqueléticas, disponível no ISHST, em www.ishst.pt
Lisboa, 15 de Novembro de 2005
José Azevedo e Luís Vieira
Técnicos do ISHST
Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho