
A maioria das pessoas não hesita em lavar frutas ou legumes antes de os comer com casca. Mas o que acontece quando os alimentos são descascados ou cortados sem prévia lavagem? A resposta pode surpreender. Segundo a virologista Océane Sorel, este gesto simples pode estar a abrir caminho a intoxicações alimentares e outras complicações de saúde, sobretudo em grupos mais vulneráveis como crianças ou idosos.
O alerta foi lançado pela especialista através de um vídeo na sua conta de Instagram, onde explica por que motivo lavar todos os vegetais, mesmo os que vão ser descascados, é uma medida de precaução essencial. De acordo com Océane Sorel, após serem colhidos, os frutos e legumes transportam resíduos de pesticidas, sujidade, fezes de animais e outros microrganismos potencialmente perigosos.
A faca como veículo de contaminação
A especialista explica que, ao cortar um alimento sem o ter lavado, o movimento da faca arrasta a sujidade da casca para o interior do alimento, expondo a polpa a uma possível contaminação. Isso aplica-se a batatas, cenouras e até frutas maiores como o melão ou a meloa.
Embora alguns micróbios sejam inofensivos, outros estão na origem de episódios de gastroenterite ou mesmo intoxicação alimentar. É por isso que, segundo a mesma fonte, lavar os alimentos, independentemente de serem consumidos com ou sem casca, é uma medida básica de segurança alimentar.
As exceções (e as frutas da época)
Nem todos os casos exigem o mesmo cuidado. A virologista admite que frutas como a banana, que raramente são cortadas com a casca, apresentam menor risco. No entanto, frutas de verão como o melão, a melancia ou a meloa devem ser sempre lavadas antes de cortadas, mesmo que a casca não vá ser consumida.
Océane Sorel defende ainda que este tipo de prevenção se torna mais relevante quando se trata de preparar alimentos para crianças pequenas, idosos ou pessoas com o sistema imunitário comprometido.
Lavar não chega? Estudo chinês deixa outro aviso
Um grupo de investigadores da Universidade Agrícola de Anhui, na China, alerta que, em muitos casos, a lavagem com água não é suficiente para eliminar resíduos tóxicos de pesticidas. O estudo, publicado na revista científica Nano Letters, da American Chemical Society, revela que os químicos usados na agricultura conseguem penetrar na camada exterior de frutos como a maçã, tornando-se mais difíceis de remover.
Segundo os autores da investigação, mesmo depois de lavadas, as maçãs mantêm concentrações de pesticidas que só são removidas ao eliminar parte da casca e da polpa exposta. Para quem consome estes alimentos com regularidade, os investigadores recomendam a descasca ou a compra de frutas de origem biológica, sempre que possível.
As cascas podem ter outro destino
Além da segurança alimentar, o aproveitamento de restos orgânicos para fins sustentáveis está a ganhar destaque. Segundo Chris Bonnett, especialista em jardinagem ouvido pelo jornal britânico Daily Mail, as cascas de banana são uma excelente fonte de potássio e outros nutrientes que podem fortalecer as plantas e protegê-las contra pragas.
Para o responsável da plataforma de jardinagem Gardening Express, transformar desperdício alimentar em fertilizante natural é uma forma simples e eficaz de melhorar a saúde do jardim e reduzir o impacto ambiental.
Em resumo, lavar fruta e legumes é uma prática essencial, mesmo que não vá comer a casca. E nalguns casos, a casca deve ser descartada. As recomendações dos especialistas e os novos dados científicos indicam que este gesto pode fazer toda a diferença entre uma refeição segura e uma dor de estômago inesperada.
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