Conservação da natureza em Portugal: bolsos rotos, sem notas nem moedas

Notas grandes para destruir e moedas pequenas para cuidar. Algum dinheiro para investigação, mas, em comparação, pouco ou nada para acção. Não há uma solução mágica; há passos na direcção certa. São precisas parcerias entre Governos e filantropos, entre cientistas e conservacionistas.

Portugal podia ser incrível para a vida selvagem, com planícies quentes e montanhas frias, entre o Mediterrâneo e o Atlântico. Podia ser, mas não é. Florestas com várias espécies deram lugar a monoculturas, montanhas com vida deram lugar a paisagens lunares e a grande diversidade e abundância de plantas e animais desapareceu. Em Portugal, conservar o que resta de ecossistemas já não é suficiente. É preciso restaurar e para restaurar é preciso uma visão a longo prazo, um compromisso duradouro e fundos, financiamento, investimento.

Falta investimento para a conservação da natureza: em Portugal, muitos milhões; e no mundo, milhares de milhões de euros. Não são os biólogos que dizem, são os economistas.

Primeiro, para o Estado português a conservação e restauro da natureza não são uma prioridade, têm pouca importância, recursos ou estratégia. Palavra do Tribunal de Contas e do Tribunal Judicial Europeu. Áreas protegidas no papel, degradação de habitats, espécies ameaçadas e estruturas institucionais fracas: é esta a realidade portuguesa de norte a sul. Como consequência, os fundos disponíveis são pouco ou nada.

Segundo, quando há dinheiro ligado à conservação da natureza, o foco tende a ser em pesquisa e não na acção. Em Portugal, o CIBIO, um dos maiores centros de pesquisa ecológica do país, recebeu, em 2019, perto de 150 milhões para research. É importante, mas, em comparação, projectos no terreno recebem uns milhares de euros, ou com sorte, alguns milhões, através de financiamento europeu similar. Uma situação também comum na Europa e no Mundo: o famoso caso do biólogo Enric Sala espelha bem a situação. […]

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