“Cool” também é coisa fria, senhora Ministra da Agricultura…

Há dias, no meio de uma reunião com jovens ligados ao CDS-PP, a Senhora Ministra da Agricultura resolveu extravasar a sua juvenilidade e usou de algum “calão” de gíria para embelezar a sua propaganda. Terá então afirmado que as políticas agrícolas estão “cool” (!..) em Portugal. E empolgada pelo ambiente, também ele certamente “cool”, dessa mesma reunião partidária, anunciou publicamente, e pela primeira vez, que o novo Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) – alcunhado de “20-20” – vai abrir as respectivas candidaturas em meados de Novembro próximo.

Bem, ainda estamos para ver, preto no branco, como é que isso vai ser…

Mas aquilo que agora queremos destacar é o óbvio abuso da sua posição de Ministra pois o anúncio, assim feito pela primeira vez, privilegiou uma reunião com jovens do CDS/PP – partido ao qual a Senhora Ministra pertence – em detrimento ou mesmo em desrespeito pela informação em primeiro lugar devida a Órgãos de Soberania e a Organizações Agrícolas.

Portanto, a Senhora Ministra da Agricultura não esteve nada “cool” do ponto de vista das suas responsabilidades democráticas e institucionais.

Porém, o pior de tudo é a senhora Ministra continuar a querer ignorar a dura realidade da Agricultura Familiar e do nosso Mundo Rural. A Senhora Ministra da Agricultura só vê com um olho, o olho da grande agro-indústria e do grande agro-negócio. Mas até neste campo já não enxerga muito bem pois também não vê as dificuldades de alguns sectores da agro-indústria nacional – mesmo da mais estruturada – perante a “ditadura” comercial do grande agro-negócio. E o cego mais cego é aquele que não quer ver…Mas voltando nós à Agricultura Familiar, o contexto mantém-se “assassino” para pequenas e médias Explorações Agro-Familiares.

Com:

— Novo surto geral de baixa de preços à Produção Nacional, inclusivé em Produções “jovens” e ditas “alternativas”; redução da Produção Nacional ( como por exemplo acontece com o Leite e com as Uvas nesta Vindima); Factores de Produção com os respectivos custos a manterem-se a níveis especulativos em que a especulação Fiscal imposta por sucessivos governos é das maiores estre as maiores; falta de controlo eficaz sobre as Importações de Bens Agro-Alimentares; ataques legislativos sem precedentes contra os Baldios enquanto propriedade comunitária, contra a Casa do Douro e o Património da Lavoura Duriense, contra a propriedade privada dos Pequenos e Médios Agricultores.

É um verdadeiro “assalto “ !

Então, o acima citada afloramento juvenil da Senhora Ministra – o “cool” – também significa “FRIO”.

Sim, têm sido (muito) frias as políticas agrícolas e de mercados que nos são aplicadas contra a nossas vontade. São assim engendradas para servir os interesses multinacionais da grande agro-indústria e do grande agro-negócio em manifesto prejuízo da Agricultura Familiar e da qualidade da nossa alimentação mais comum. Até quando ?

Compete-nos continuar a luta por outras e melhores políticas capazes de nos aquecer o estômago e a alma. E a carteira também com a melhoria dos rendimentos das Explorações Agrícolas Familiares !

João Dinis

Pasta de papel em vez de comida ?? Bosta de vaca em vez de leite e carne ?? Ou será que andamos todos loucos ?? – João Dinis


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