cortiça

Coruche recebe “com orgulho” inscrição da tiragem da cortiça como património imaterial

O presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, disse hoje ser “um orgulho muito grande” a inscrição da tiragem da cortiça no inventário nacional do Património Cultural Imaterial.

Francisco Oliveira (PS) disse à Lusa que a candidatura apresentada pelo município de Coruche em 2018, que culminou com a publicação hoje, no Diário da República, da decisão da Direção-Geral do Património Cultural, resulta do “muito trabalho” relacionado com a fileira da cortiça, nomeadamente, na promoção do território e da importância do montado de sobro para a economia do concelho.

“Esta inscrição, para nós e para aqueles que pertencem ao mundo rural, vem dar um novo alento” para o trabalho de valorização do território e, em particular, do trabalho agrícola e de tiragem da cortiça, um trabalho sazonal (que se realiza de maio a agosto) com “um nível de especialidade para o qual não existe formação académica”, dependendo do “saber-fazer que se vai adquirindo ao longo dos anos com a prática”.

Francisco Oliveira salientou a feliz coincidência de o anúncio ser publicado numa altura em que está patente, no Núcleo Rural do Museu Municipal de Coruche, uma exposição sobre a tiragem da cortiça, o que considerou ser mais uma demonstração do trabalho que tem sido feito em torno desta temática nos últimos anos.

O autarca destacou o reconhecimento de uma prática que é realizada respeitando o ciclo de vida da árvore, salientando o trabalho do município e dos técnicos das associações de produtores florestais e das empresas do setor e, “fundamentalmente”, dos trabalhadores rurais, que “não deixaram cair estas práticas”, mantendo-as vivas e assegurando a sua transmissão de geração para geração.

Francisco Oliveira afirmou que este é um passo importante para o processo de uma eventual candidatura a Património Imaterial da Humanidade, frisando que este exige “grande rigor” e uma avaliação criteriosa para evitar um eventual chumbo pela UNESCO.

O autarca lembrou a forma como tem sido conduzida a candidatura do montado, num processo liderado pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo.

Salientando que a tiragem da cortiça acontece noutros concelhos vizinhos, quer do Ribatejo quer do Alentejo, o autarca afirmou que, no caso de Coruche, houve todo um trabalho de recolha de testemunhos e de documentação feito ao longo dos últimos anos, evidenciando as especificidades desta prática no concelho.

“Nós somos, de facto, a Capital Mundial da Cortiça, somos o maior produtor de cortiça, somos também um dos maiores transformadores”, disse, salientando que, diariamente, saem do concelho “para o mundo mais de cinco milhões de rolhas”, com forte impacto económico para a região.

“Valorizamos este património que é o montado de sobro, que é a cortiça, que é a biodiversidade associada a este território”, o qual oferece um “enorme potencial” económico e de “grande atração turística”, em grande parte ainda por explorar, declarou.

No despacho hoje publicado é salientado “o saber-fazer associado à separação da camada de cortiça que acompanha o ciclo de crescimento do sobreiro – sem ter consequências na vitalidade da árvore e permitindo a sua regeneração cíclica e integral – que caracteriza a atividade do tirador e lhe confere grande responsabilidade e um elevado grau de especialização incomparável a qualquer outra atividade florestal, agrícola ou pecuária que igualmente se desenvolve no montado”.

Tiragem da cortiça em Coruche inscrita como Património Cultural Imaterial


por

Etiquetas: