Covid-19 na agricultura: “É preciso encontrar rapidamente novos canais de escoamento”

O economista João Duque acredita que a agricultura é um dos setores mais resilientes da economia e com melhores condições para resistir à crise provocada pela Covid-19. “Até porque não podemos deixar de comer todos os dias”. Mas, na sua opinião, há um problema que lhe parece grave: a falta de tempo para pensar como reagir aos novos desafios quando se produzem produtos perecíveis. E aqui, repensar os canais de distribuição é essencial, uma vez que os produtos que habitualmente se destinavam ao canal HORECA deixaram de ter escoamento: “É normal que aconteçam alterações bruscas, grandes mudanças e muito rápidas. Há um leque muito grande de postos de consumo que deixaram de estar ativos e os produtos não estão a ser canalizados para o consumidor nesta fase e temos de encontrar maneira de o fazer”.  João Duque acredita que em alguns casos é possível usar outro tipo de canais, como o online e a distribuição porta a porta, mas reconhece que isso não é possível para grandes produtores. Ou seja, “É preciso encontrar rapidamente novos canais de escoamento”. E deixa ainda o desafio à grande distribuição para que possam ter abertura e passar a “receber produtos de pequenos produtores sem grandes exigências” de forma a representarem um canal alternativo para estes agricultores.

Relativamente aos problemas de mão de obra que começam a ser falados, numa altura de aproximação de época de colheitas, João Duque considera que é preciso, à semelhança do que já estão a fazer outros países europeus, realocar pessoas que estavam noutras tarefas para o trabalho agrícola “e garantir que se continua a produzir e colher bens essenciais. Mas temos de perceber que têm de ser colhidos por nós”, conclui.

Nota:

Declarações produzidas no contexto do webinar ‘A Agricultura em tempo de crise’ promovido pela consultora Consulai , que pretendeu refletir e antecipar o futuro próximo no contexto Covid-19. O debate envolveu um leque de oradores e comentadores, entre os quais a gestora Gabriela Ventura, o jornalista Camilo Lourenço, o economista João Duque e o consultor João Pacheco, num debate moderado pelos organizadores, Luís Mira da Silva e Pedro Santos, da Consulai.

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