porco alentejano

Covid-19: Produtores de porco alentejano consideram “essencial” apoio do Governo

O presidente da Associação de Criadores de Porco Alentejano (ACPA) saudou hoje e considerou “essencial” o apoio do Governo para “minimizar os prejuízos” causados pela pandemia de covid-19 nesta fileira pecuária.

Segundo Nuno Faustino, presidente da ACPA, com sede na vila de Ourique, no distrito de Beja, o apoio é “essencial” para “minimizar o défice de liquidez” das explorações.

Por outro lado, frisou, o apoio é “tão mais importante no sentido em que vem dar um sinal de que o Estado está preocupado e quer que esta fileira continue”.

Nuno Faustino disse que, a par do apoio do Governo, a ACPA está a negociar com algumas instituições bancárias uma linha de crédito para os produtores de porco alentejano poderem “garantir a liquidez necessária”.

Segundo Nuno Faustino, a dependência da fileira do porco alentejano relativamente ao mercado espanhol “é brutal”, já que cerca de 90% da produção vai para o país vizinho.

Em média, por ano, são vendidos vivos para Espanha 6.000 porcos alentejanos de montanheira (alimentados e engordados no montado) de cerca de 50 criadores do concelho de Ourique, num volume de negócios que ascende a 3,5 milhões de euros, indicou.

Estes números caíram drasticamente em 2020, porque a pandemia provocou uma quebra nas vendas de presunto e outros derivados do porco alentejano e, consequentemente, o cancelamento das encomendas que muitas indústrias espanholas tinham, apesar dos contratos plurianuais em vigor, lamentou Nuno Faustino.

Já o deputado do PS eleito por Beja e presidente da Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar, Pedro do Carmo, considerou que o apoio do Governo chega numa altura em que o setor enfrenta “um sério e grave problema”.

“Se não tomássemos medidas urgentes de apoio, corríamos o sério risco de os criadores desistirem e não termos porco alentejano no futuro”, sublinhou o deputado, em declarações à Lusa.

O ministério da Agricultura lançou apoios num total de 12,2 milhões de euros para os setores de carne de aves e ovos, carne de suíno (leitões para abate – com majoração para raças autóctones, nomeadamente para o porco bísaro e o malhado de Alcobaça – e porco alentejano para montanheira) e leite de pequenos ruminantes.

O objetivo da medida excecional e temporária é responder aos problemas de liquidez e de fluxos de tesouraria resultantes da crise provocada pela covid-19 e que “põem em risco a continuidade” das atividades dos agricultores e das pequenas empresas ativas naqueles três setores, justifica o Ministério da Agricultura na portaria relativa aos apoios publicada na quarta-feira e que entra hoje em vigor.

Segundo a portaria, a maior fatia (7,1 milhões de euros) da dotação global afeta aos apoios destina-se ao setor das aves e dos ovos, seguindo-se os setores da carne de suíno (2,9 milhões de euros) e do leite de pequenos ruminantes (2,2 milhões de euros).

Em termos práticos, segundo a portaria, cada produtor pode receber uma verba até 7.000 euros a fundo perdido para “fazer face ao impacto da crise provocada” pela covid-19 e “responder aos problemas de liquidez e de fluxos de tesouraria.


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