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Crise? Qual crise? Frulact aumenta vendas em 20% e está a contratar

As equipas de suporte funcionam em regime de teletrabalho, mas as da fábrica trabalham em regime presencial. Sábados e domingos quando necessário. Por isso, a Frulact vai contratar mais dez pessoas.

Temos sorte de estar na fileira do agroalimentar. Nestes tempos faz a diferença”, sublinha, ao ECO, João Miranda, o agora administrador não executivo da portuguesa Frulact, fabricante de ingredientes naturais para a indústria alimentar e de bebidas, que foi vendida à sociedade de investimento Ardian no início deste ano. A pandemia de coronavírus trouxe à Frulact um aumento de 20% nas vendas e a necessidade de contratar mais pessoas.

“Estamos a laborar com os níveis de atividade acima do que estava estipulado em todas as unidades”, explica o responsável, recordando que a Frulact opera em nove unidades industriais na Europa, África e América do Norte. O facto de as pessoas estarem fechadas em casa leva-as a “consumir mais produtos alimentares, nomeadamente iogurtes, gelados e sobremesas” e isto traduz-se, em números, “um aumento de 20% nas vendas no acumulado fevereiro/março, face ao mesmo período em 2019”, revela João Miranda.

João Miranda, CEO da Frulact.
D.R.

Na empresa as equipas de suporte estão a funcionar em regime de teletrabalho, mas as da fábrica, “com um espírito fantástico, estão a trabalhar a tempo inteiro, aos sábados e domingos quando necessário”. Por isso, a empresa vai avançar com um “reforço do quadro pessoal em dez pessoas entre março e abril”, revela o administrador não executivo.

Por outro lado, está “prevista uma recompensa para os colaboradores operacionais que estão no seu posto de trabalho produtivo”, mas ainda está a ser estudada a forma como vai ser efetuada.

Apesar de as linhas de produção estarem a laborar a todo o vapor, “tudo o que tem a ver com desenvolvimento e inovação está parado”, afirma João Miranda.

A exceção a este cenário otimista é Marrocos, o único mercado onde as vendas estão em queda e onde a Frulact tem duas fábricas. A justificação, segundo o empresário, prende-se com o facto de, “em momentos de crise, o iogurte ser tido como algo mais gourmet e acima das possibilidades dos consumidores, por isso, estes ajustam, optando por outros tipo de produtos”.

Europa continua a ser o principal destino das vendas da Frulact (57%), seguida da América do Norte (19%), Norte de África e Médio Oriente (14%) e África Austral (10%). Ao todo são 40 os países para os quais a empresa exporta, sendo que o peso do mercado nacional é de apenas 2,5%. Este perfil exportador permitiu à empresa registar, em 2019, um volume de negócios próximo de 115 milhões de euros.

As linhas mestras da Frulact “continuam a ser as mesmas desde 2015” e a venda aos franceses da Ardian não mudou nada. “Estamos a seguir essas orientações. Não há nenhuma perturbação. A palavra de ordem é continuidade”, garante João Miranda. Aliás, a permanência do empresário na Frulact insere-se precisamente nessa lógica ainda que, na prática, a venda ainda aguarde luz verde da Autoridade da Concorrência. “Por opção minha, para a empresa não ficar num impasse, dei liberdade às equipas executivas para seguir as orientações macro”, acrescentou o responsável, cuja família criou a Frulact em 1987.

A grande mudança que a venda visava era “permitir acelerar o processo de crescimento e obter uma oferta mais alargada de ingredientes de maior valor acrescentado”, sublinhou João Miranda.

O artigo foi publicado originalmente em ECO.


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