Utilizando o CRISPR-Cas9, investigadores do James Hutton Institute, na Escócia, encontraram uma maneira de influenciar os níveis de beta-glucano em grãos de cevada.
Em colaboração com a Universidade de Dundee, na Escócia, os investigadores do James Hutton Institute, também escocês, utilizaram a ferramenta de edição de genomas CRISPR para gerar mutações em membros da superfamília de genes responsáveis pela expressão de enzimas como as “glucano-sintase”.
Este trabalho permitiu aos cientistas compreender melhor os genes da cevada e entender a razão pela qual a diversidade natural da composição das paredes celulares entre as espécies tem impacto nas aplicações industriais e na nutrição humana.
O beta-glucano (ou β-Glucano) é um polissacarídeo não celulósico encontrado em cereais de grãos pequenos. Em comparação com outros cereais, como o trigo e o arroz, a cevada (Hordeum vulgare L.) tem um teor mais alto de β-glucano. Mas por ter um impacto direto na viscosidade do mosto – que, se for muito alto causa problemas de filtração durante a infusão ou formação de espumas indesejáveis no produto final – as indústrias cervejeiras e as destilarias procuram cevada com baixo teor de β-glucano. Por outro lado, sabe-se também que o β-glucano tem um efeito benéfico na saúde humana. Como não é digerido no intestino delgado de humanos, atua como uma fibra alimentar fermentável e reduz o risco de doenças relacionadas com a dieta, por exemplo doenças cardiovasculares, diabetes tipo II e cancro colorretal.
Com este trabalho, os cientistas esperam contribuir para aumentar o conhecimento sobre o potencial da mutagénese dirigida e de outras ferramentas de edição de genomas.
Sendo a cevada uma das culturas mais valiosas do Reino Unido, esta descoberta terá impacto económico significativo. Esta é a primeira vez que se utiliza o CRISPR-Cas9 em culturas de cevada na Escócia.
Artigo integral disponível em The Plant Journal.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.