Na instalação de uma vinha nova, devem ser tomadas todas as medidas conhecidas possíveis, para que esta se desenvolva nas melhores condições. Videiras saudáveis, bem enraizadas, corretamente nutridas, podem resistir melhor e por mais tempo às diversas doenças que as atingem.
Parcelas de vinha expostas a sul, localizadas na meia encosta, com baixa concentração de humidade, permitem um bom desenvolvimento das videiras e melhor prevenção das doenças do lenho como a esca.
A plantação deve ser feita no outono-inverno, na fase de dormência das videiras . Desaconselha-se a plantação tardia, em plena primavera e por vezes em pleno verão, como é frequente. Esta prática tem levado a perdas elevadas de plantas, que morrem após a plantação, por não conseguirem sobreviver ao calor crescente dessas épocas do ano. Mesmo sendo regadas, não tiveram tempo de enraizar e de se desenvolver e adaptar às condições do terreno e do clima local.
Excecionalmente, poderão plantar-se videiras na primavera-verão, mas apenas utilizando plantas envasadas.
Escolher cuidadosamente as videiras a plantar, material certificado, sem necroses nos troncos, com raízes bem desenvolvidas.
Fazer uma boa preparação do solo, assegurar uma drenagem adequada, prevenindo o alagamento, melhorar a estrutura do solo, incorporando matéria orgânica e aumentando a disponibilidade de fósforo e potássio.
Na preparação do terreno, remover o mais possível lenhas e raízes de videiras ou de árvores e arbustos que aí existiam. Não enterrar raízes, troncos ou matos verdes ou mal curtidos no solo da futura vinha, nem nas imediações, para reduzir as hipóteses de infeção por Armillaria e de colonização pela formiga-branca.
As plantas devem ser colocadas na cova de plantação com as raízes bem espalhadas, para se desenvolverem plenamente.
Evitar compactar o solo com a utilização de maquinaria pesada na plantação.
Aplicar na cova, antes da plantação, produtos base de Trichoderma asperellum + Trichoderma gamsii (DONJON), para prevenir e minimizar o desenvolvimento de podridão agárica (Armillaria mellea). A aplicação destes produtos deve ser feita, seguindo rigorosamente as instruções dos fabricantes (rótulo, ficha técnica). Justifica-se, sobretudo, quando há já no terreno indícios da presença do fungo (Armillaria). Este produto é também utilizado na prevenção da doença de Petri.
Durante a poda (logo após), deve aplicar, pelo menos nos cortes maiores, uma calda à base de antagonistas (Trichoderma) dos fungos que causam as doenças do lenho (VINTEC, ESQUIVE WP, DONJON).
Na condução das novas vinhas, devem preferir-se sistemas de poda mais longa, que expõem menos as videiras às doenças do lenho.
Muito importante é conduzir a nova videira na vertical, usando um tutor. Troncos na vertical ficam mais protegidos de ferimentos pela passagem das máquinas.
Podar de acordo com o desenvolvimento das videiras (nem muito cedo, nem demasiado tarde no ano). Não fazer cortes rasos, para evitar a formação de cones de madeira seca no tronco principal e ramos, que permitem a entrada de fungos do lenho e dificultam a circulação da seiva. Não deixar cargas exageradas nas vinhas jovens, de modo a não esgotar demasiado cedo o seu potencial produtivo.
Instalar enrelvamento melhora a estrutura do solo e equilibra a disponibilidade de nutrientes para a cultura.
Evitar excesso de vigor das plantas nos primeiros cinco anos, ajudando-as a desenvolverem uma raiz forte e profunda e o correspondente sistema vascular.
Excesso de vigor, excesso de azoto, porta-enxertos vigorosos e mobilização contínua do solo aumentam o risco de aparecimento de doenças do lenho.
Prevenir o stress hídrico, com rega equilibrada, nem demais nem de menos, de acordo com as disponibilidades de água. Regar de dia ajuda a prevenir a ocorrência de doenças do lenho.
Consulte aqui a Ficha Técnica nº 55 (I Série)
O artigo foi publicado originalmente na Circular n.º 20 da Estação de Avisos de Entre Douro e Minho.