Um curso de Operador Agrícola Especializado, previsto para Évora, é o primeiro de um conjunto de formações no setor primário promovido pelo programa europeu de requalificação de trabalhadores PRO_MOV, disse hoje o coordenador à agência Lusa.
A formação “piloto” do Laboratório de Agricultura daquele programa, explicou André Campos, está “muito focada em olival e vinha” e vai ser dada – a partir para 07 de novembro – em parceria com os serviços de Évora do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), antes de se expandir “para o Douro, os vinhos verdes e a região do Dão”.
“A ideia é que, a médio prazo, tenhamos três cursos em quatro ou cinco regiões do país a formar dezenas de pessoas em cada turno”, apontou o coordenador do Laboratório de Agricultura do PRO_MOV.
Os operários agrícolas especializados “são as pessoas que trabalham no campo, na poda, na aplicação de produtos fitofarmacêuticos” e que realizam “toda a técnica agrícola” associada àquelas culturas, definiu André Campos.
O curso pretende “dar resposta a um problema no setor primário”, em que uma grande quantidade de trabalhadores necessita de ser requalificada. Ou , então, estes trabalhadores “não vão saber trabalhar nesta profissão dentro de 10 anos”, devido à introdução de “robótica, drones e produtos cada vez mais avançados”, destacou.
Foi nesse sentido que a Sogrape, onde André Campos é também diretor de estratégia, decidiu propor, “juntamente com a Sovena”, a criação de um Laboratório de Agricultura associado ao PRO_MOV, ao qual se juntaram também as empresas Aveleda, Esporão, Symington Family Estates e The Fladgate Partnership.
“Foi uma boa surpresa, esta ideia de trabalhar em conjunto para resolver um problema que é de todos, que é a falta de mão-de-obra especializada no setor primário, e desenvolver em conjunto três cursos com o IEFP”, regozijou-se o coordenador do PRO_MOV.
Assim, o curso de Operador Agrícola Especializado antecede o de Operador de Máquinas e o de Operador de Lagar e Armazém.
Segundo André Campos, “os próprios cursos podem encadear-se”, pelo que existe “uma lógica de carreira, para que as pessoas percebam que podem evoluir”.
A formação, cujas candidaturas estão abertas, vai ser “remunerada, com uma forte componente prática em contexto real de trabalho, estágio assegurado e elevada empregabilidade”, de acordo com uma nota divulgada pelo programa PRO_MOV, distingue-se da restante oferta por uma lógica de redução da carga horária teórica.
“Normalmente, os cursos têm uma duração de seis meses, mas nós reduzimo-la [a vertente teórica] para três meses, sendo os restantes três meses passados em estágio, que é assegurado numa das empresas que estão a desenvolver o currículo. A própria formação de três meses em sala acaba por ter uma componente de quase 40% do tempo passada no terreno”, explicou André Campos.
O PRO_MOV insere-se no âmbito do Reskilling 4 Employment, um projeto “pioneiro” a nível europeu que “pretende requalificar um milhão de pessoas” em situação de desemprego ou risco profissional “até 2025”, segundo uma nota informativa do programa.
Em Portugal, o projeto é desenvolvido em colaboração com o IEFP e com o ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, juntamente com “outras empresas do setor privado”.