Da carne barrosã aos cogumelos, João Rodrigues serviu a cultura transmontana em Boticas

Na aldeia de Vilarinho Seco, o chef recebeu mais de cem convidados de todo o país para dar a conhecer os produtos da região Nordeste na primeira fase do seu projecto itinerante, Residência.

A neve já tinha derretido em Vilarinho Seco, Boticas, quando o chef João Rodrigues acendeu a brasa para grelhar as primeiras costeletas de vaca barrosã. Nos dias anteriores, uma espessa camada branca de gelo tinha coberto parte dos pastos verdes e dos tectos das casas de pedra que formam essa pequena e idílica aldeia localizada no sopé da serra de Alturas do Barroso, em Trás-os-Montes, a província montanhosa do Nordeste de Portugal.

No último fim-de-semana, João Rodrigues esteve ali para dar o pontapé de saída ao seu projecto Residência, em que pretende, por 12 meses, percorrer o país “do Norte às ilhas” para apresentar a cultura gastronómica e os produtos típicos que cada região tem a mostrar. A estreia transmontana foi escolhida por uma questão de itinerário (começar de cima para baixo), mas sobretudo para mostrar como as estações são importantes para definir as tradições da mesa portuguesa: o Inverno moldou alguns dos melhores produtos que se comem na região — cogumelos, enchidos feitos nos fumeiros artesanais, a tenra carne das vacas barrosãs, as trutas gordas pescadas nas águas frias.

Como prega o objectivo da empreitada itinerante de ocupar cada vez um local diferente, fazendo dele residência temporária, o primeiro escolhido foi a Casa do Pedro, uma das tabernas mais tradicionais do Alto Tâmega que o chef já tinha visitado quase dois anos antes, no âmbito do seu Projecto Matéria — que empreende com a parceira e esposa, Vânia Rodrigues, para dar a conhecer os produtos nacionais.

A dedicação do senhor Pedro à agricultura e o cuidado com os ingredientes impressionaram o chef desde o início. Na casa com mais de 300 anos, o proprietário serve as hortaliças que planta e carnes de porco bísaro e das vacas barrosãs (um produto DOP) que cria nos arredores da pequena aldeia. Depois da morte da esposa do senhor Pedro, dona Ana, hoje os responsáveis pela cozinha são os filhos, Alda e Pedro, que continuam o legado familiar passado pelos pais, com base na confecção artesanal e na utilização de ingredientes locais, em preparos como o famoso cozido barrosão e as rabanadas com mel do Barroso.

Os pratos servidos por João Rodrigues na sexta-feira e no sábado (dias 20 e 21), no entanto, passaram um bocado longe da ementa do tradicional restaurante. “Mas os produtos são exactamente os mesmos”, garante o chef, que criou um menu de sete tempos (a 80 euros) com aquilo que de melhor se […]

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