De família se faz vinho

João M. Barbosa e Filipe Caldas de Vasconcellos são bons exemplos de como se contam histórias familiares numa garrafa de vinho. Lisboa, Alentejo e Algarve aos nossos copos, neste início de 2023

Primeiro foram os vinhos das Caves Dom Teodósio, que conquistaram o País pela mão do avô de João M. Barbosa. As Caves Dom Teodósio foram fundadas em 1924, em Santarém, e foram pioneiras na produção de vinhos de quinta. Cerca de 70 anos depois, em 1997, nasce a João M. Barbosa Vinhos, que é hoje responsável por marcas como Ninfa (região Tejo) e Lapa dos Gaivões (Alto Alentejo), produzindo atualmente vinhos de baixa intervenção e que têm evoluído ao longo dos anos, a acompanhar as tendências do mercado, as necessidades da Natureza e o crescimento da família, que está praticamente a 100% envolvida no negócio – seja nas áreas de vendas e de comunicação ou a participar em todas as vindimas e respetivas lavagens de cestos. Aqui, vinho e família confundem-se numa simbiose visível nas características tão diferentes de cada referência que chega ao mercado, quase como se cada uma delas fosse reflexo dos sete elementos mais velhos do clã Barbosa.

Talvez tenha sido por isso que o recente pét-nat Galerna nos tenha surpreendido, mas ao mesmo tempo se revelou óbvio: este branco, que recebe o nome do espírito do vento brincalhão que se manifesta numa brisa leve ou na força de um tornado – se não viu o Frozen 2, fica a dica – inaugura a produção de vinhos mais jovens, não filtrados, e reflete precisamente uma certa inquietude. Com 12% de álcool e leveduras presentes – pode comê-las, depois de se surpreender com um vinho perfeitamente equilibrado e, sobretudo, divertido –, este Galerna pode bem ser a melhor representação da família de João M. Barbosa: inesperado, a exalar juventude e dinamismo, e acima de tudo muito curioso. Se prefere um perfil mais clássico, arrisque levar um espumante Ninfa Brut Nature de 2012 para o próximo jantar ou um Lapa dos Gaivões Grande Reserva Tinto de 2011. Mas se quer sentir um pouco de História na boca, sugerimos mesmo que deixe de lado os preconceitos quanto aos vinhos de baixa intervenção (eu tenho alguns, confesso aqui publicamente) e se encante com este.

No mesmo sentido e, se como eu, acredita que os vinhos são muito mais do que apenas o resultado de muita técnica e sabedoria, sugiro que desça até ao Sul do País e leve […]

Continue a ler este artigo na Visão.


Publicado

em

,

por

Etiquetas: