Uma equipa internacional, na qual participaram investigadores do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), descobriu o mecanismo através do qual as plantas “sentem” o nível de zinco no seu organismo e o adaptam à sua nutrição.
Em comunicado, aquele centro da Universidade do Porto adianta hoje que, “pela primeira vez”, foi revelado o sensor de micronutrientes em plantas, mais concretamente o sensor de zinco.
O zinco, micronutriente que todos os organismos necessitam, desde plantas a humanos, é essencial para o funcionamento de muitas proteínas.
“Perceber como as plantas regulam o teor de zinco nos tecidos, frutos e sementes, e como se adaptam a solos pobres em zinco, pode ajudar a selecionar culturas mais adaptadas a solos pobres e que providenciam alimento mais nutritivo”, esclarece o centro.
No decorrer do estudo, os investigadores desvendaram que o sensor de zinco funciona como “um interruptor”, uma vez que, em função do teor de zinco na célula, “liga ou desliga mecanismos que regulam a absorção de zinco do solo e o seu transporte nas células para que a planta evite deficiência ou excesso de zinco”.
Paralelamente, a equipa descobriu que este interruptor pode ser “ajustado” por forma a estar mais “ligado”, o que conduz a um fortalecimento do teor de zinco na planta e nas suas sementes sem que isso afete a sua saúde.
Segundo o CIBIO-InBIO, esta descoberta pode ajudar ao desenvolvimento de culturas mais adaptadas a solos deficientes em zinco e que deem sementes de bom valor nutritivo, tirando partido de variações naturais neste sensor.
“Uma alimentação deficiente em zinco afeta o crescimento saudável e o sistema imunitário e cognitivo em humanos. Sabe-se que a deficiência de zinco afeta uma parte significativa da população humana mundial, sobretudo em países em desenvolvimento e com alimentação fortemente baseada em culturas pobres em zinco, como o arroz”, acrescenta.
Neste momento, os investigadores estão a catalogar as variações no sensor de zinco presentes em espécies agrícolas como o arroz e o tomate, e a estudar o funcionamento dessas variantes.
A equipa internacional espera que o trabalho desenvolvido possa contribuir “para melhorar o valor nutritivo e a adaptação a solos pobres em zinco”.
“Este trabalho é um exemplo de como o conhecimento da biologia molecular de plantas pode ajudar a encontrar soluções para combater desafios atuais e futuros, como a produção de alimentos nutritivos e sustentáveis, e a agricultura em solos adversos ou empobrecidos”, refere o CIBIO-InBIO.
A investigação, publicada na revista Nature Plants, incluiu investigadores da Universidade de Wageningen (Países Baixos) e da Universidade de Copenhaga (Dinamarca).