- ONU prevê que fenómeno devastador da seca afete três quartos da população mundial até 2050 e pede mobilização de recursos, incluindo financeiros, para a mitigação dos efeitos da seca
- Mais de 50% das terras de Portugal já estão afetadas pela desertificação, e os modelos climáticos preveem cenários de agravamento das condições de aridez num futuro próximo
- Portugal assinala o dia com lançamento da Plataforma do Observatório Nacional da Desertificação e com uma conferência em Mogadouro, onde estarão presentes o presidente do ICNF, Nuno Banza, e o Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino
O Dia da Desertificação e Seca é comemorado em todo o mundo esta sexta-feira, 17 de junho com um lema que apela à mobilização global para reforçar a gestão da seca para travar o agravamento destas situações. O mote é “Rising up from drought together”, ou seja, “Superar a Seca Juntos”.
Em Portugal, a adesão a este mote é assinalada com o lançamento da Plataforma do Observatório Nacional da Desertificação (OND), disponível através do endereço desertificacao.pt. A apresentação pública da plataforma será feita esta sexta-feira, em Mogadouro, pelo presidente do ICNF, Nuno Banza, no âmbito de uma conferência que comemora o Dia da Desertificação e Seca e que contará também com a presença do Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, entre outros convidados.*
A Plataforma do Observatório Nacional da Desertificação foi criada com o objetivo de desenvolver e operacionalizar a infraestrutura de dados de suporte do Observatório Nacional da Desertificação e de promover, criar e desenvolver um portal de dados abertos sobre desertificação que reúna num único sítio, de livre acesso, sem encargos para o utilizador, a informação obtida no âmbito da atividade do Observatório, com interligação às bases de dados relevantes de outras entidades. Em paralelo, o projeto visa promover e acompanhar a constituição e funcionamento de painéis de monitorização online (dashboards), para a monitorização dos indicadores relevantes no contexto do OND.
Este é um movimento que reforça a consciência que existe em Portugal para a necessidade de combater a desertificação, atingir a neutralidade da degradação das terras e mitigar os efeitos da seca. Mais de 50% das terras de Portugal já estão afetadas pela desertificação, e os modelos climáticos preveem cenários de agravamento das condições de aridez num futuro próximo.
Este é, aliás, um contexto que se vive a nível global. Os cenários climáticos projetam um aumento previsível das ondas de calor, das temperaturas máximas estivais e da diminuição da precipitação primaveril, o que conduz ao agravamento de situações de seca. Consequentemente, este cenário induz o aumento de incêndios florestais, a perda de biodiversidade, a deterioração de habitats, a insegurança alimentar, a carência de alimento e o despovoamento, com os inerentes impactes na qualidade de vida das populações, na economia e nos ecossistemas.
A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, vem assim, desde 2013, dedicando particular enfoque à temática da Seca, apelando aos países Partes da Convenção que reforcem os seus compromissos de prosseguir políticas eficazes de gestão da seca, de troca de informação e o aumento da mobilização de recursos, incluindo financeiros, para a mitigação dos efeitos da seca – um fenómeno devastador que se prevê que venha a afetar três quartos da população mundial até 2050.
Portugal dispõe de um Plano de Prevenção, Monitorização e Contingência para Situações de Seca, desde 2017, onde são definidos limiares de alerta de seca agrometeorológica e hidrológica, medidas associadas aos diferentes tipos de seca e informação às entidades responsáveis em cada nível de atuação.
A existência deste Plano, a reativação dos Núcleos Regionais de Combate à Desertificação, a operacionalização do Observatório Nacional da Desertificação, e a criação e disponibilização ao público da plataforma virtual da Desertificação como instrumento de monitorização da Desertificação em Portugal são contributos para a resposta ao mote lançado pela UNCCD “Superar a seca juntos”.
* A conferência poderá ser acompanhada em direto através da página de Facebook do Município de Mogadouro.
O artigo foi publicado originalmente em ICNF.