No passado Sábado dia 13 de Julho comemorou-se o dia do “Agricultor”, parece-nos justo que também seja o dia do Jovem Agricultor, pois actualmente não se fala em Agricultura ou Agricultores sem que a palavra Jovem esteja associada.
Assim sendo, a AJAP não pode deixar passar esta data sem dirigir uma palavra especial aos novos Jovens Agricultores.
É pública a nossa relativa euforia, face aos números que dizem respeito à instalação de Jovens nos últimos dois anos, se por um lado, é um bom sinal para a agricultura portuguesa, por outro, não deixa de ser preocupante a ausência de um programa de acompanhamento aos Jovens que decidem agarrar esta profissão.
Temos fugido ao discurso fácil que infelizmente por muitos tem sido utilizado. A agricultura virou “moda”, e seguramente os jovens surgem como cabeça de cartaz neste tipo de relatos e intervenções.
A AJAP, volvidos 30 anos na defesa dos Jovens Agricultores, e profunda conhecedora desta realidade, deve, perante a Administração ter sentido de grande responsabilidade nas suas actuações, e mais do que festejar, deve exigir aos governantes um verdadeiro programa de acompanhamento dos Jovens Agricultores (instalados, em processo de instalação, aos que se pretendem instalar). Na nossa perspectiva, este programa deve passar por um modelo rigoroso de aptidão e formação profissional facultado por entidades devidamente reconhecidas e por um acompanhamento obrigatório nas diferentes fases do projecto a cargo de técnicos devidamente homologados, inclusive no período pós-instalação. Estes factores devidamente desenvolvidos e estudados pela AJAP, individualmente e em parceria com o GPP, bem presente no último trabalho intitulado “A Instalação de Jovens Agricultores: Factores que Determinam o Sucesso” são, em nosso entendimento, se levados à prática, garante de um verdadeiro esforço da administração capaz de conduzir ao sucesso que todos desejamos.
Este é um forte desejo que a AJAP jamais desistirá até à sua efectiva implementação.
Reconhecemos que o perfil do novo Jovem Agricultor mudou, e como tal temos que acompanhar esta evolução, os actuais jovens que se instalam não são apenas oriundos da continuidade de explorações existentes, felizmente têm chegado de outras áreas, sobretudo licenciados (arquitectos, advogados, etc…) que não têm qualquer contacto e conhecimento da realidade agrícola. O que nos deixa apreensivos, enquanto organização de terreno, possuidora de um corpo técnico que faz um trabalho de bastante proximidade, é verificarmos a existência de projectos de instalação tipo “chave na mão”, oriundos de fórmulas pré-concebidas tipo informação “Google”, como sendo a grande oportunidade de futuro.
Não há negócios milionários, há sim negócios que devem ser bem pensados, estruturados e devidamente acompanhados por profissionais para poderem resultar e ter sucesso. Convém esclarecer que estes projectos co-financiados são compromissos a cinco anos com o Estado Português e fundos comunitários, sendo grande a responsabilidade que o Jovem assume perante Instituições Nacionais e da União Europeia.
Quando um jovem resolve optar pela agricultura, deve fazê-lo em consciência, deve assumir esta actividade como um projecto de vida, acima de tudo sentir-se motivado e com vocação, pois, em face da sua complexidade, a agricultura não pode servir como alternativa a outras opções e projectos de futuro.
Enquanto Organização, a AJAP está cá para colaborar e apoiar.
Ricardo Brito Paes
Presidente da AJAP – Associação dos Jovens Agricultores de Portugal