Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação celebra-se a 17 de junho

“Restauro. Terra. Recuperação. Reconstruímos melhor com terras saudáveis” é o lema das Nações Unidas para assinalar o Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, que se assinala no dia 17 de junho.

Os solos são a base da produção de alimentos e de muitos serviços essenciais dos ecossistemas. A noção de que a sua degradação tem graves consequências para a vida no planeta, faz do Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, que se assinala a 17 de junho, uma data que devemos relembrar.

Atualmente, a degradação da terra afeta o bem-estar de 3,2 mil milhões de pessoas. Quase 75% do território sem gelo no planeta foi alterado pelo homem para dar resposta à procura crescente de alimentos, matérias-primas, estradas e edifícios, segundo alerta das Nações Unidas.

Com efeito, o tema deste ano – “Restauro. Terra. Recuperação. Reconstruímos melhor com terras saudáveis” -, pretende apontar, em plena Década para a Recuperação dos Ecossistemas, o caminho para inverter o estado atual: investir em solos saudáveis é uma solução para a recuperação ecológica e económica. Ao fazê-lo, estimula-se a criação de emprego e a reconstrução dos meios de subsistência, construindo economias mais resilientes à crise ambiental.

O Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação vai, assim, ao encontro do ODS 15 “Proteger a Vida Terrestre” dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas: combater, até 2030, a desertificação, restaurar a terra e o solo degradados, incluindo terrenos afetados pela desertificação, secas e inundações, e lutar para alcançar um mundo neutro em termos de degradação do solo.

Desafios para refletir no Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação

Desde 1994 que se assinala o Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, estabelecido através da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), um acordo internacional que une o meio ambiente e o desenvolvimento à gestão sustentável da terra. Este dia internacional tem como objetivo aumentar a consciência pública a respeito dos esforços internacionais para combater o processo de desertificação e os efeitos da seca.

Em 2021, no Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação, importa refletir sobre os desafios e metas a nível global. O Atlas Mundial da Desertificação, publicado pela Comissão Europeia, ajuda a esta reflexão:

• Mais de 75% da superfície terrestre encontra-se degradada, valor que poderá aumentar para mais de 90% até 2050;

• O custo económico da degradação dos solos na União Europeia é estimado, anualmente, na ordem das dezenas de milhares de milhões de euros por ano;

• A degradação dos solos e as alterações climáticas conduzirão a uma redução de cerca de 10% do rendimento das culturas a nível mundial até 2050;

• Como consequência da desflorestação acelerada, cada vez será mais difícil mitigar os efeitos das alterações climáticas;

• Até 2050, estima-se que o número de pessoas deslocadas devido a problemas relacionados com a escassez de terrenos adequados poderá ascender a 700 milhões. Este é, contudo, um número que poderá atingir os 10 mil milhões de pessoas até ao final do século.

Para inverter o atual cenário, os compromissos atuais de mais de 100 países especificam a recuperação de quase mil milhões de hectares de terra na próxima década – uma área quase do tamanho da China.

Desertificação, clima e atividades humanas

Mas o que é afinal a desertificação? Este fenómeno não é sinónimo de avanço das zonas de deserto existentes, mas sim o resultado de fenómenos de seca e aridez, que tornam o solo mais pobre, menos produtivo e mais suscetível à erosão. A desertificação foi definida pelas Nações Unidas como a “degradação dos solos em zonas áridas, semiáridas e sub-húmidas secas resultante de vários fatores, incluindo as alterações climáticas e as atividades humanas”.

Entre outras causas, está relacionada com a extrema vulnerabilidade dos ecossistemas das zonas áridas e da exploração excessiva e inapropriada das terras. A pobreza, a instabilidade política, as más práticas de irrigação, a desflorestação ou o sobrepastoreio são alguns dos fatores com impacte negativo na produtividade das terras.

Em Portugal, a desertificação tem sido erradamente confundida com despovoamento (perda de população), que afeta uma parte significativa do interior de Portugal. O nosso país, que tem um clima com três a cinco meses secos por ano e uma zona sul e interior mais árida e mais suscetível à erosão, encontra-se entre as áreas europeias com maior vulnerabilidade a este fenómeno, pelo que o Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação é uma data importante no nosso calendário.

O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.


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