A diferenciação e a qualidade são elementos fundamentais para a valorização dos vinhos da Península de Setúbal, de acordo com as conclusões apresentadas hoje num simpósio sobre o futuro do setor vitivinícola nesta região, que decorreu em Palmela.
“Concluímos que existe um modelo de negócio que terá decerto melhores resultados com uma aposta na diferenciação e na qualidade, um caminho precioso e inevitável em que temos que acreditar”, disse à agência Lusa a coordenadora do projeto ‘Roadwine’, Teresa Costa, professora da Escola de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS).
Segundo Teresa Costa, o projeto ‘Roadwine’, iniciado em março de 2021 pelo IPS e que teve a colaboração de diversas entidades – Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE), Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, Brandir – Marketing Estratégico e Operacional e o CITUR – Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo, permitiu fazer um diagnóstico da vitivinicultura na região.
“Este evento permitiu-nos mostrar que há um caminho a percorrer e que há muito para fazer no setor”, disse à agência Lusa Teresa Costa, assegurando, no entanto, que o encontro permitiu também “dar um sinal de esperança aos produtores da Península de Setúbal”.
“O setor dos vinhos é muito importante na Península de Setúbal, que tem vindo a trabalhar muito nos últimos anos, aumentando muito a sua credibilidade e a qualidade dos seus vinhos, que começam a ser cada vez mais reconhecidos”, sublinhou.
Para Mário Cravidão, da Brandir – Marketing Estratégico e Operacional, a par da qualidade dos vinhos produzidos na região, é também necessário desenvolver estratégias de ‘marketing’ adequadas à especificidade de cada um dos mercados que apresentam maior potencial de crescimento para as exportações portuguesas, como os Estados Unidos, Canadá e Brasil.
Segundo Sónia Vieira, diretora de marketing da ViniPortugal, entidade que promove os vinhos portugueses, tem havido “um crescimento, quase que generalizado, das regiões que eram menos conhecidas no passado”.
“Hoje as pessoas procuram muito mais do que o Alentejo e o Douro. Procuram também as regiões que trazem outro tipo de vinhos – nomeadamente o Moscatel de Setúbal, que é um dos ‘ex-libris´’ da região de Setúbal -, e outros vinhos secos que têm vindo a aparecer no mercado. Acho que se perspetiva um futuro muito interessante”, disse.
“Portugal já é conhecido pela especificidade dos nossos vinhos, pelo número de castas. O que os líderes de opinião nos dizem é que são vinhos com caráter. E é mostrar aquilo que nos diferencia que vai fazer com que o crescimento seja mais consistente ao longo dos anos”, acrescentou Sónia Vieira, reconhecendo que a Península de Setúbal também está a aumentar a notoriedade dos vinhos da região investindo no Brasil, no Reino Unido e em Angola.
Sobre o futuro dos vinhos portugueses a nível nacional, Sónia Vieira disse que o objetivo em 2023 é “crescer acima dos 6%”, para atingir “um bilião de euros na exportação”.
“Em 2021 tínhamos exportado 927 milhões de euros e, nos primeiros 11 meses de 2022 [ainda não há dados sobre o mês de dezembro] já estamos nos 846 milhões de euros”, disse.
“Crescemos muito em 2021 (8,3%), mas em 2022 a perspetiva é, de facto, só crescer 1,5%, devido à guerra [na Ucrânia] e à inflação. Em 2023, o grande desafio é crescermos 6% ou muito perto disso”, concluiu Sónia Vieira.