O embaixador de Moçambique em Portugal sublinhou hoje a importância da segurança alimentar estar na agenda da CPLP, tendo em conta a necessidade de se criarem mecanismos para a população ter alimentos disponíveis.
“Uma população bem nutrida é a riqueza maior a que cada um de nós pode aspirar”, afirmou Joaquim Bule, embaixador de Moçambique em Portugal e junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), durante o evento «ESAN + 11: Uma Década na Promoção da Segurança Alimentar e Nutricional na CPLP».
O encontro, que decorre até quarta-feira, em modelo virtual, evoca os 11 anos da aprovação da Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (ESAN-CPLP) e os 10 anos da criação Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da CPLP (CONSAN-CPLP).
O diplomata defendeu a CPLP como “um espaço livre de fome” e enalteceu o facto de a alimentação estar na agenda desta organização.
Em Moçambique, recordou, a fome é das principais preocupações e resulta, em parte, de anos de conflito e do clima, com períodos de seca e de chuvas intensas.
“Para Moçambique, é um objetivo fundamental a disponibilidade de alimentos às pessoas e a utilização dos alimentos pelas pessoas. As pessoas têm de conseguir aceder aos alimentos para garantir a sua própria sobrevivência, desenvolvimento e crescimento”, referiu.
A este propósito, salientou o papel das mulheres que “muitas vezes são elas que trabalham a terra e alimentam os filhos. São o garante da sobrevivência e subsistência das famílias”.
Ao nível da Comunidade, seis dos nove países já dispõem destes mecanismos próprios, sendo que o Brasil e Angola já tiveram, mas por opção deixaram de os ter.
Na sessão de abertura do evento, o secretário-executivo da CPLP, embaixador Zacarias da Costa, enalteceu muitos dos avanços dados nesta matéria, mas sublinhou que o quadro da insegurança alimentar é uma realidade preocupante.
“O último relatório alerta para indicadores muito pouco animadores, neles estando vários fatores, como o dramático incremento das alterações climáticas, da pandemia de covid-19 e o contexto de insegurança despoletado pelo conflito da Ucrânia”, disse.
São, pois, muitos os desafios colocados à CPLP e aos seus Estados-membros a nível da alimentação e da segurança alimentar, prosseguiu.
O evento que começou hoje e decorre até quarta-feira pretende ainda refletir sobre as causas da fome e da desnutrição enquanto um dos principais problemas globais para a concretização dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), bem como sobre os sucessos e afirmação política da ESAN-CPLP.