Energéticas e petrolíferas já estavam à espera que nova a taxa avançasse, mas os hipermercados não. Lucros recorde divulgados esta semana ‘empurraram’ o Governo a avançar com a medida.
Depois das energéticas, o foco incidiu também na distribuição. O primeiro-ministro anunciou esta semana que a proposta de lei que o Governo irá apresentar para a tributação de lucros inesperados também irá incluir o setor da grande distribuição. Uma notícia que caiu que nem uma bomba junto dos responsáveis do setor, mas que poderá acalmar a opinião pública face aos resultados anunciados pelas várias empresas ao longo desta semana. E os números falam por si. A Galp apresentou lucros superiores a 600 milhões de euros até setembro, a EDP 518 milhões – apesar da atividade em Portugal ter apresentado perdas de 181 milhões – e a Jerónimo Martins lucrou 419 milhões, entre muitas outras.
Ao Nascer do SOL, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), diz que ficou a saber «ao mesmo tempo que o país», mostrando surpresa face a essa decisão, uma vez que, até à data, o Governo nunca falou com a entidade. «Não sabemos até que ponto é que isto foi muito meditado. A verdade é que não tem paralelo com as recomendações da Comissão Europeia que foi muito clara sobre esta taxação para um setor da economia específico e com uma razão muito específica», salienta. Mas deixa uma garantia: «Estamos a refletir sobre isto e enquanto setor estamos a aguardar informações e explicações do Governo sobre esta matéria. Não sabemos mesmo como vai acontecer».
O responsável afirmou ainda que «não houve nada de extraordinário que concorresse para os resultados das empresas» e que o setor se depara com «um enorme crescimento dos custos dos fatores de produção em toda a cadeia e que não tem sido transmitido para os consumidores». E em relação ao retalho alimentar lembrou que é um negócio com margens muito baixas, na ordem dos 2% a 3%. «Não há nenhum fator extraordinário, ninguém está satisfeito com a escassez de matérias primas, com o aumento do custo dos fatores de produção, com a guerra, com a instabilidade que tudo isto está a provocar nas economias».
Também as elétricas com sede em Espanha não irão escapar a este imposto extraordinário. «Apesar da sede da EDP Renováveis ser em Espanha, a empresa será também abrangida por esta medida. Basta olharmos para o caso da Iberdrola que também tem sede em Espanha e será abrangida por esta medida», diz Henrique Tomé, analista da XTB.
Minimizar a opinião pública?
António Costa […]