João Freire

Do muito que se fala e do pouco que se faz – João Freire

“Em 2021 esperamos uma maior pressão promocional”. Assim mesmo! Sem tirar nem pôr, esta frase foi dita por um responsável de uma cadeia do retalho Ibérico numa entrevista à revista “Distribuição Hoje” (no passado mês de Março) sobre o que espera que o futuro traga ao desenrolar dos seus negócios. Em abono da verdade não é caso único, pois aqui e ali quase todos os responsáveis das grandes cadeias de distribuição têm repetido o mesmo “mantra”… o grande causador de tais expectativas? A COVID-19, ou melhor, o seu impacto nos negócios que gerem.

Se e num primeiro momento estas palavras podem resultar muito agradáveis para o consumidor que adivinha nelas mais uma baixa no preço de aquisição daqueles produtos necessários ao seu dia a dia, para os outros elos da cadeia (Produção/Indústria) soam a mais um – mais um!! – acréscimo de dificuldades e aflições que são necessárias ultrapassar para conseguir chegar “vivo” ao final do dia, do mês, do ano de trabalho. É que, quer queiramos quer não, estas guerras de “pressões promocionais” acabam sempre por, no médio/longo prazo, destruir os elos mais fracos da cadeia pondo assim irremediavelmente em causa a sustentabilidade de vários sectores. Sustentabilidade que se quer económica mas como alguém disse, e bem, terá que o ser igualmente social e ambiental. E é também por isso que é imprescindível – diria mesmo imperioso – criar condições que permitam a todos ao longo da cadeia exercer em condições dignas o seu trabalho mas, confrontados nos últimos tempos a Produção e a Indústria com um acréscimo muito significativo dos seus custos, não creio que seja com “pressões promocionais” a jusante que o consigamos…

Se nestes tempos atípicos e extremamente desafiantes porque todos temos passado no último ano se tem conseguido, em conjunto, trabalhar no objectivo de garantir o abastecimento de alimentos à população é porque temos entidades credíveis, profissionais e empenhadas em levar a cabo a tão necessária cooperação e diálogo, essenciais para atingir qualquer que seja o objectivo a que se proponham. E, se assim é, mais do que ceder a pressões não será mais profícuo e estimulante manter uma colaboração estreita e um diálogo mais frequente entre todas as partes? Eu creio firmemente que sim e que a “pressão”, a existir, é aí que deve ser feita!

João Freire

Profissional Lacticínios Agroalimentar

“In memoriam” – O mês de Fevereiro levou-nos o Dr. João Manuel Cotta Agostinho Dias. Médico Veterinário, o Dr. Cotta Dias como pela grande maioria das pessoas era conhecido e com quem tive a sorte de poder trabalhar e muitíssimo aprender, foi um insigne e dedicado funcionário público com um percurso exemplar na área da Medicina Veterinária e da Qualidade Alimentar até ao topo da carreira de Diretor-geral e Assessor de vários Ministérios. Após a reforma, dono de uma invejável bagagem de conhecimentos técnicos e humanos, um apurado sentido de humor e profundo conhecedor do meio e das gentes, continuou ligado ao sector dos lacticínios (com um invejável dinamismo, que tão bem o caracterizava e que guardaria até ao final dos seus dias) exercendo a actividade de consultor e dirigente na Administração de várias Empresas e Associações do Sector Agropecuário e Agroalimentar, contribuindo fortemente e de maneira decisiva para a grande evolução e desenvolvimento que estas áreas experimentaram nos últimos anos.

Figura incontornável do Sector a que tanto deu é com mágoa e já muita saudade que o vemos partir. Que em paz descanse.

Também no (Sector do) Leite se constroem muros… – João Freire


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