s incêndios em Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia, já fizeram 25 mortos – assim como 23 desaparecidos – e continuam a dar que falar.
Enquanto as autoridades investigam a origem destes fogos, há outro trabalho que também deve ser feito: o combate à desinformação.
É que à medida que as chamas se espalham, também as teorias da conspiração.
Já esta sexta-feira a CBS News dá conta de algumas das teorias da conspiração que estão a circular,
O clima com ‘mão humana’
Segundo a imprensa, há algumas ideias de que o governo esteja a criar chuva para combater os fogos na zona, algo que a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional já negou. Não é a primeira vez que a ideia de que o executivo manobra as condições não, já que quando os furacões Milton e Helene atingiram o local também foi deixada esta ideia.
Geoff Dancy, professor de ciência política da Universidade de Toronto, no Canadá, explicou que muitas pessoas culpam o governo ou as empresas porque é mais fácil do que admitir e enfrentar os problemas, como seca. “Isto é mais atraente para as pessoas que estão desesperadas por alguma ordem no meio do caos”, atirou.
Mas, apesar de ser possível ‘semear’ chuva, um processo que já foi visto em sítios como os Emirados Árabes Unidos, a situação não está a decorrer na região dos fogos. “Atualmente, Los Angeles está tão seco que não há água suficiente para que haja condensação” e para que o processo possa ser feito, explicou uma investigadora da Universidade do Colorado, Katja Friedrich.
Apropriação de terras
Outra das ideias que circulam é que os fogos na região começaram para que se pudesse ‘limpar’ a zona, para fazer ‘cidades inteligentes”. Isto porque a agenda da Organização das Nações Unidas para reduzir as emissões globais inclui tornar as cidades mais sustentáveis. E a iniciativa ‘Smart LA2028’ sugere a renovação dos sistemas de transporte da cidade, entre outras mudanças tecnológicas, para tornar a cidade mais verde. Porém, o plano não envolve demolições ou reconstruções em massa.
A mesma teoria surgiu em outras regiões, noutras alturas, como por exmeplo com incêndios no Canadá, ou o grande incêndio que aconteceu no Havai em 2023.
Abafar crimes
Uma das outras teorias da conspiração é a de que os incêndios florestais começaram para destruir provas no caso de Sean ‘Diddy’ Combs, que está detido devido a acusações de abuso sexual e tráfico humano.
Nas ‘redes’ foram partilhados vídeos que dão conta que a mansão de ‘Diddy’ foi consumida pelas chamas – o que não aconteceu, já que a sua casa em Los Angeles está fora da zona que está a ser evacuada.
Para além disso, as autoridades estiveram na sua residência a recolher provas, assim como a mansão foi colocada à venda em setembro.
Recorde-se que também quando foi o incêndio em Maui, no Havai, um dos ‘alvos’ foi Oprah Winfrey, que tem uma casa nesta zona devastada pelos incêndios em 2023. Nas ‘redes’ acusava-se, sem fundamento, Winfrey de ter começado o incêndio.
‘Amantes’ destas teorias
Apenas algumas horas separaram o início dos fogos e o anúncio de que a Meta iria ‘cortar’ com a verificação de factos e também outras alterações, semelhantes às ao que Elon Musk implementou na rede social X (antigo Twitter).
O investigador Geoff Dancy explicou os responsáveis pela criação de teorias da conspiração estão a “beneficiar revolução da informação” em que vivemos atualmente. Tendo em conta que nos dias de hoje se vive numa “economia de atenção”, Dancy afirmou: “As teorias da conspiração chamam a atenção”.
‘Lasers’?
Há também a teoria de que os incêndios são começados com algumas armas, e que é, mais uma vez, o governo a dar-lhes origem. Baseando-se em padrões irregulares no terreno que surgem depois dos fogos, por exemplo, alguns utilizadores referem que também pode ser usados ‘lasers’ para incendiar locais.
A republicana Marjorie Taylor Greene chegou mesmo a aproximar-se desta teoria e e publicação um tweet, entretanto apagado, depois dos incêndios de 2018. Na publicação a republicana dizia que estes fogos anteriores tinham tido origem em ‘lasers’ lançados do espaço.
Joseph Uscinski, co-autor das ‘American Conspiracy Theories’ [‘Teorias da Conspiração dos Estados Unidos’, na tradução livre] apontou que “muitas pessoas vão olhar para este tipo de coisas [teorias da conspiração] e rejeitá-las completamente, mas há outras veem o mundo através de uma lente da conspiração.”
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