Douro cumpre 266 anos da demarcação sob ameaça das alterações climáticas

É a mais antiga região demarcada do mundo e a maior de viticultura de montanha, integrando a exigente lista de Património Mundial da Unesco há 20 anos. A agricultura, em especial da vinha, mas também do olival, é o grande criador de riqueza, através do vinho do Porto, durante muitos anos quase o único embaixador de Portugal no mundo. Sofre da desertificação do interior, com falta de mão-de-obra, mas é a falta de água que mais aflige.

O Porto Wine Day, que hoje se celebra, assinala a criação, a 10 de setembro de 1756, pela mão do Marquês de Pombal, da mais antiga região demarcada do mundo. São 266 anos de uma história de resiliência que consagra o papel do homem na transformação da paisagem duriense, de que resultou o vinho do Porto, e mais recentemente, os vinhos do Douro, duas denominações de origem que levam o nome de Portugal pelo mundo. Mas os desafios pela frente são enormes, a começar pelas alterações climáticas, que se fazem sentir de forma dramática. A região registou, este ano, um pico de calor que chegou aos 47 graus e as consequências estão aí: a vindima será significativamente menor, havendo sub-regiões com perdas na ordem dos 45%.

Este é um tema central nas preocupações de todos os agentes da região, mas todos se mostram confiantes na capacidade de transformação e de reinvenção das gentes durienses. Rui Paredes, presidente da Casa do Douro / Federação Renovação do Douro, lembra a filoxera, praga que, no século XIX, atacou e destruiu grande parte dos vinhedos locais, para garantir que a região “vai sempre saber adaptar-se e transformar-se e as alterações climáticas não serão diferentes. Vamos saber criar as condições para que a vinha seja um legado para as gerações vindouras”.

600 milhões de euros foi o valor recorde de vendas dos vinhos do Porto e do Douro em 2021. Este ano, os dados até julho mostram um crescimento de 5,3%, impulsionado pelo regresso dos turistas a Portugal. As exportações estão a cair.

António Filipe, líder da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), fala na necessidade de, quem se dedica à viticultura, escolher práticas produtivas que ajudem a mitigar a escassez de recursos hídricos, designadamente melhorando os teores de matéria orgânica dos solos, de modo a aumentar a sua capacidade de retenção e infiltração, mas, […]

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