O Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) promoveu uma maratona de trabalho intensivo – ‘hackathon’ – que desafiou 46 investigadores ao desenvolvimento de soluções inovadoras para os problemas da Região Demarcada do Douro.
Durante a iniciativa “Hackathon Douro & Porto” os investigadores, divididos em 10 equipas, procuraram responder a também 10 desafios do setor vitivinícola deste território e as soluções de base tecnológica desenvolvidas vão ser divulgadas na quarta-feira, numa apresentação que decorrerá ‘online’.
“É um evento multidisciplinar e abarca toda uma região e toda uma aspiração de uma região”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente do IVDP, Gilberto Igrejas.
O responsável referiu que o objetivo da iniciativa foi “facilitar o desenvolvimento de soluções tangíveis e inovadoras para desafios concretos do setor vitivinícola da região”.
Pretende ainda, acrescentou, “promover e incentivar a partilha de experiências multidisciplinares”, criar “sinergias para o desenvolvimento de ideias inovadoras”, contribuir “para a geração de conhecimento” e para a consolidação de “práticas mais colaborativas” entre instituições públicas e privadas e o tecido social e económico da região demarcada.
Os desafios foram apontados pelos principais ‘stakeholders’ do setor vitivinícola, desde as associações empresariais, universidades aos municípios da Região Demarcada do Douro, do Porto e de Vila Nova de Gaia, no decorrer de um trabalho de auscultação desenvolvido durante um ano e que incluiu visitas, entrevistas e inquéritos.
Os temas propostos são o desenvolvimento de uma rede de comunicação de dados de baixo custo para o Douro, de modo a potenciar a agricultura de precisão, a monitorização do território em tempo real, a sensibilização de uma população envelhecida e com pouco acesso a tecnologias de informação e comunicação para a sustentabilidade e adequar a exigência competitiva a que o setor vitivinícola está sujeito à manutenção do património paisagístico da região.
Pretende-se ainda capacitar os jovens e promover a transferência de conhecimento intergeracional, potenciar o enoturismo, uma maior consciencialização para as alterações ambientais, diminuir o impacto ambiental no ciclo de vida do vinho, a inovação no marketing e comunicação e a personalização da experiência do consumidor.
Os investigadores são jovens, de diferentes áreas de atuação e podem, segundo Gilberto Igrejas, fornecer um “olhar diferente” e “ajudar a construir uma região mais rica, com mais saber e mais valor”.
Questionado pela Lusa sobre quais os temas mais urgentes para o Douro, o presidente do IVDP apontou a “sustentabilidade”, as “alterações climáticas” e a “aproximação aos consumidores mais jovens”.
“Vamos ver como podemos dar corpo a estes desafios e como podemos candidatar estas ideias para que elas se tornem projetos exequíveis e realidades no território”, referiu.
A apresentação dos projetos deveria ser feita no âmbito do congresso “Douro e Porto – Memória com Futuro”, também organizado pelo IVDP, o qual foi, entretanto, adiado por causa da pandemia de covid-19.