O Governo anunciou 15 milhões de euros para apoiar o setor do vinho, mas os viticultores consideram o valor insuficiente, pelo que terão uma reunião com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque.
O Douro vive um “desastre que se agrava a cada dia”. O desabafo é de um dos responsáveis pelo Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, órgão que representa produtores e comerciantes e que esta quarta-feira se reunirá com a ministra da Agricultura.
O Governo anunciou 15 milhões de euros para apoiar o setor do vinho, mas os viticultores consideram o valor insuficiente, e alertam que, devido à crise provocada pela pandemia de Covid-19, ainda têm os armazéns carregados de produtos que não conseguem escoar.
António Saraiva, vice-presidente do Conselho Interprofissional do IVDP, diz que, se nada for feito a próxima vindima pode estar comprometida. “Temos um problema latente, e a cada diz agrava-se mais. A vindima está à porta, e a quebra de vendas é grande no nosso setor. Muita gente ainda tem cubas de vinho do ano passado, e, se nada for feito, teremos um desastre na região do Douro.”
“Fomos os primeiros a sofrer os efeitos da crise. Muitos dos nossos clientes perderam os clientes deles. Os distribuidores, restaurantes e hotéis, também suspenderam os pagamentos a nós, e nós continuámos a pagar aos nossos trabalhadores e estamos a sofrer na pele as dificuldades de tesouraria.”
António Saraiva explica que a região do Douro é duplamente tributada e reclama a descativação dos saldos de gestão do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, montante que provém de taxas pagas pelo setor e não do Orçamento do Estado: “O orçamento do IVDP é alimentado apenas pelas taxas pagas pela produção e pelo comércio. O orçamento geral do Estado não envia um cêntimo para para o IVDP. No entanto, o IVDP, ao ser um instituto público, sofre as cativações, e, por isso, deixa de prestar alguns serviços. Estamos a ser duplamente tributados.” Por isso, António Saraiva reclama que 10.200.000 euros sejam “devolvidos à região para serem aplicados na região”.
O Conselho Interprofissional da Região Demarcada do Douro vai apresentar à ministra da Agricultura as três medidas que defendem para o setor, no sentido de mitigar a crise. Entre as propostas está a criação de uma reserva qualitativa. António Saraiva também explica que os produtores querem aplicar verbas na promoção para “vender mais para poder retirar o stock e os excedentes” e para “projetar o futuro” e exorta o Governo a considerar o que pode ser feito “se o Estado devolver à região o que é da região”.
A reunião entre produtores e comerciantes da região do Douro e a Maria do Céu Albuquerque está marcada para as 10h00 no Ministério da Agricultura.
O artigo foi publicado originalmente em TSF.