Duas iniciativas de referendo exigem reformas radicais da agricultura e produção de alimentos na Suíça, informa o portal SWI- swissinfo.ch. A primeira pretende proibir pesticidas sintéticos, já a segunda quer promover a água potável.
A “Iniciativa por uma Suíça sem pesticidas sintéticos” exige uma proibição geral do uso de herbicidas, inseticidas e fungicidas sintéticos na agricultura suíça, quer para uso privado quer para uso comercial. Além disso, também quer proibir a importação de tais produtos. Existiria um período de transição de dez ano para adaptar os setores.
Já a iniciativa intitulada “Água Potável Limpa e Alimentos Saudáveis” concentra-se na água potável, mas também visa o uso de pesticidas e antibióticos na agricultura. A proposta quer acabar com todos os subsídios governamentais aos agricultores que não se comprometam com métodos de produção sustentáveis e ambientalmente corretos.
Em resposta às iniciativas, o parlamento suíço aprovou uma emenda de lei, com o objetivo de reduzir para metade o uso de herbicidas até 2027 e preparar o caminho para outras medidas para salvaguardar a qualidade da água potável.
As iniciativas foram lançadas num contexto de crescente preocupação pública sobre as quantidades de pesticidas utilizados na produção de alimentos, e de relatos sobre altos níveis de poluição nos lençóis freáticos da Suíça. As duas iniciativas estão entre as cinco propostas que vão ser votadas nacionalmente a 13 de junho de 2021.
Principais argumentos em apoio às iniciativas
As duas iniciativas pedem independentemente uma reforma da política agrícola do país que acabe com o uso de substâncias químicas tóxicas e a adoção de padrões de produção sustentáveis e favoráveis aos animais. Para as entidades por detrás do projeto, a agricultura intensiva, que é apoiada pelo Governo suíço com 3,5 mil milhões de francos, é uma séria ameaça à saúde pública e à biodiversidade.
Na sua visão, os agricultores são indiretamente encorajados pelos subsídios governamentais a usar pesticidas, antibióticos e rações importadas para aumentar a sua produção.
No caso concreto dos defensores da iniciativa da água potável, estes argumentam que milhares de toneladas de excesso de nitrogênio e fósforo provenientes de fertilizantes contaminam o solo e lençóis freáticos.
Principais argumentos contra as iniciativas
Os oponentes dizem que os objetivos das iniciativas não são realistas, uma vez que levariam a um aumento dos custos de produção e dos preços, assim como a mais importações. Além disso, afirma que a introdução de normas proibindo pesticidas significaria a perda de milhares de empregos e que não seria possível manter os atuais níveis de produção e de padrões de higiene.
Há também quem argumente que as iniciativas dificultariam a pesquisa sobre pesticidas, enquanto uma proposta de proibição da importação de alimentos que não estejam livres de pesticidas sintéticos violaria acordos comerciais internacionais.
Alguns partidos e grupos de interesse afirmam que as iniciativas seriam não apenas excessivamente radicais, mas também desnecessárias. Na sua visão, o parlamento e o Governo federal suíço já tomaram medidas para proteger as pessoas e o meio ambiente contra os pesticidas nocivos.
As duas iniciativas são as mais recentes de uma série de propostas feitas nos últimos anos para reformar a política agrícola do país. Estas incluíram, por exemplo, iniciativas para promover a produção ética de alimentos e a agricultura local.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.