Marisa Costa

É preciso semear para colher! – Marisa Costa

Vivemos tempos desafiantes e de insegurança! Numa altura em que os portugueses começam a sentir os efeitos da pandemia nos seus rendimentos temos conhecimento que o país irá receber cerca de 58 mil milhões de euros no âmbito do plano de recuperação da União Europeia, sendo este o maior envelope nacional desde a adesão.

Tempos exigentes obrigam a estratégias de gestão inteligentes e eficientes. É uma oportunidade única e não podemos falhar. É preciso definir estratégias e perceber o que é prioritário para os portugueses e para Portugal.

– Quais os setores estratégicos para o crescimento do país?

– Como canalizar a distribuição deste dinheiro?

– Como garantir a correta utilização destas verbas?

Numa altura em que a atividade económica mundial diminuiu, a agricultura afirma-se como um setor estratégico para Portugal. As exportações do setor agrícola e agroalimentar aumentaram reforçando a ideia de que a agricultura é parte da solução para o futuro do país.

Ao compararmos as exportações deste ano com o ano anterior, verificamos que entre janeiro a agosto as exportações aumentaram 7%. É, por isso, mais que evidente que está na altura do poder político definir estratégias para potenciar o crescimento e desenvolvimento deste setor. Para o período 2021-2027 os agricultores portugueses terão à sua disposição um total de 9.782 milhões de euros de fundos comunitários, através da Política Agrícola Comum (PAC).

Qual a estratégia do ministério da agricultura para a distribuição deste montante?

A agricultura precisa urgentemente de rejuvenescer e comunicar!

É necessário olhar para a agricultura, sem nunca descorar o papel do agricultor e da agricultura familiar.

Num setor cada vez mais envelhecido é fundamental criar incentivos para a instalação de jovens agricultores! Diminuir a burocracia, aumentar a celeridade no pagamento dos pedidos de reembolso, criar incentivos para a aquisição de terras, oferecer benefícios fiscais aos agricultores, investir no regadio, aumentar a oferta formativa são alguns dos aspetos que não podemos descurar para atrair jovens.

Comunicar agricultura revela-se também cada vez mais necessário e urgente. Dar a conhecer à população o mundo agrícola e o seu impacto no desenvolvimento do mundo rural e na economia nacional é fundamental.

Com um papel importante na ocupação territorial este setor precisa de ser acompanhado e noticiado, pois só assim é possível dar a conhecer que a agricultura e o mundo rural português desenvolveu-se, inovou, está cada vez mais sustentável e competitivo.

Este tempo novo que vivemos reforça a necessidade, há muito existente, de criar sinergias e desenvolver esforços entre o governo e associações/empresas agrícolas na definição de estratégias para reforçar e dar a conhecer o papel do agricultor moderno.

Agora mais do que nunca temos que semear para depois colher. 9.782 Milhões de euros é a semente que o país tem à sua disposição para investir na agricultura. Esperamos que da mesma forma que nós os agricultores trabalhamos com afinco e cuidamos da terra para obter bons frutos, o governo e o ministério da agricultura tenham capacidade para garantir uma boa aplicação dos fundos para que desta vez, não seja desperdiçada uma oportunidade ímpar e estratégia para a afirmação da agricultura portuguesa e de Portugal.

Marisa Costa

Vice–Presidente da APROLEP

Dia Mundial do Vigilante da natureza: obrigada Sr. Agricultor – Marisa Costa


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