Os incêndios espalham-se pelo território, apesar da “folga” de uma segunda-feira moderadamente mais fresca. Governo e Presidência da República já fizeram os seus ataques preventivos para a eventualidade de mais uma tragédia associada a incêndios florestais: desconvocaram as suas férias e deram voltinhas por quartéis de bombeiros e sedes de proteção civil. Um artigo assinado por um coletivo de 15 pessoas, com várias profissões e de diferentes pontos do país
Esta artimanha comunicativa não esconde a responsabilidade inequívoca de dois homens – António Costa e Marcelo Rebelo Sousa – na situação atual. O país, em particular o meio rural, está no ponto para novos incêndios de grandes dimensões pela recusa em mudar o que quer que seja na floresta, desde 2017.
À pergunta se “este poderá ser o Verão mais fresco do resto das nossas vidas” levanta-se um bafiento rumor dos (poucos) ainda negacionistas da crise climática. Depois, começa a questão real: os recordes globais de temperatura estão a ser batidos todos os anos das últimas décadas e, apesar da variabilidade climática que faz com que haja oscilação regional entre anos, os nossos verões são cada vez mais quentes, mais secos, mais compridos, as ondas de calor são cada vez mais frequentes, mais quentes e mais longas.
Isto significa que as condições climatéricas para a ocorrência de megaincêndios estão reunidas quase todos os anos e, frequentemente, mais do que uma vez no mesmo ano. As condições para ignições e incêndios são muito mais frequentes. Isso significa que a viabilidade das árvores se manterem vivas em ciclos cada vez mais curtos de incêndios está a diminuir.
Quando António Costa se junta aos restantes líderes europeus para aprovar mais gás natural a vir de outros locais do mundo, ou quando anuncia uma expansão da importação de gás através do Porto de Sines, está a garantir que, mesmo não sendo este o verão mais fresco do resto das nossas vidas, os próximos serão, em regra, crescentemente mais quentes e inclementes.
Quando o […]