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Economia da Guiné-Bissau cresceu 5% em 2021, perspetivas para 2022 mais incertas – FMI

“Estima-se que o crescimento tenha acelerado para 5% em 2021 devido à produção recorde de castanha de caju, ao investimento público em infraestruturas, ao levantamento gradual das medidas de contenção da covid-19 e a uma situação política mais estável”, afirmou, em conferência de imprensa, José Gijon, chefe da missão do FMI, que se encontra em Bissau.

A missão do FMI, que teve início no passado dia 05 e termina na quarta-feira, teve como objetivo realizar consultas ao abrigo do artigo IV, que não eram feitas há cinco anos, e fazer a terceira e última avaliação do programa de referência, aprovado em julho de 2021.

A missão visa avaliar os esforços em curso para a possibilidade de ser aprovado um novo acordo ao abrigo da Linha de Crédito Alargado no segundo semestre deste ano.

“As perspetivas tornaram-se, porém, mais incertas dado o impacto potencial do aumento dos preços do petróleo e dos alimentos resultante da guerra na Ucrânia, prevendo-se que o crescimento seja de 3,75% em 2022, com uma inflação superior a 5%, que afetará negativamente os mais vulneráveis”, disse.

Em relação à terceira avaliação ao programa de referência, o chefe da missão do FMI disse que a organização financeira internacional chegou a acordo com o Governo guineense.

“O desempenho e progresso reformista gerais foram robustos, apesar dos desafios criados pela pandemia da covid-19, tendo sido respeitadas todas as metas quantitativas no final de dezembro de 2021 e implementada a agenda estrutural”, afirmou José Gijon.

O FMI destacou que a gestão orçamental sustentável é uma “prioridade” e que a consolidação orçamental deve continuar em 2022 para “conter o elevado risco” de aumento da dívida pública.

“Tal proporcionaria, conjuntamente com a conclusão bem-sucedida do programa de referência, um forte apoio às autoridades e contribuiria para congregar o apoio dos doadores, sendo igualmente essencial para criar mais espaço para despesas em áreas indutoras de crescimento, tais como saúde, incluindo a vacinação, a educação e infraestruturas físicas”, salientou o chefe da missão do FMI.

Ainda sobre a gestão orçamental sustentável, José Gijon sublinhou que o FMI apoia a “determinação das autoridades em controlar a massa salarial” e destaca a “necessidade de atenuar os grandes riscos orçamentais decorrentes das empresas públicas, que podem criar avultadas obrigações financeiras para o Estado e comprometer a sustentabilidade da dívida”.

O FMI destacou também que é preciso “continuar a incidir sobre as debilidades da governação” para reforçar a “política económica e a confiança empresarial”.

“As reformas em curso visam potenciar a transparência das finanças públicas, a responsabilização e a eficiência, mediante melhorias na gestão da despesas e mobilização da receita interna”, explicou.

Ao abrigo do artigo IV, o FMI considerou ser necessário a diversificação da economia, “chave do programa de desenvolvimento”.

“A economia é excessivamente dependente da produção e exportação da castanha de caju, o que deixa o país altamente exposto a flutuações nos preços internacionais e às condições climáticas locais”, afirmou o chefe da missão do FMI.

Para José Gijon, a diversificação da produção e das exportações pode contribuir para um maior crescimento sustentável, salientando que áreas como a agricultura, indústria transformadora, recursos naturais e turismo devem ser desenvolvidas.

“O aproveitamento destas oportunidades carece de resolução dos constrangimentos que até à data impediram a diversificação, incluindo prover as necessidades de capital humano (aposta na educação), melhorar o ambiente regulamentar, encorajar o aprofundamento financeiro, eliminar estrangulamentos infraestruturais e preservar a estabilidade política”, disse.


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