ada milhão de euros de investimento em I&D cria oito novos empregos, diretos e indiretos, em Portugal, afirmou o economista na apresentação à imprensa do estudo que vai estar em debate na segunda edição do Portugal Capital Markets Day 2025, evento que hoje e quinta-feira se realiza em Lisboa e é organizado pela Euronext Lisbon e pela AEM – Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado.
Atualmente, o investimento em I&D atinge em média 400 euros por habitante, em linha com Espanha e Itália, mas encontra-se bastante abaixo da média europeia, que é de 800 euros por habitante.
O ecossistema de inovação e as infraestruturas de que Portugal dispõe, ao nível da rede de transportes, energias renováveis e telecomunicações, são fatores críticos de captação de investimento, mas o relatório indica que é principalmente no capital humano e na atração de talento que assentam as potencialidades do crescimento económico nacional.
A dinâmica na criação de emprego, o aumento das qualificações da população e “a facilidade de integração” da maioria dos imigrantes no mercado de trabalho, devido à afinidade “cultural, linguística e religiosa” com Portugal, explicam “o efeito virtuoso de uma economia que se alimenta a si própria”, considera o académico.
O facto de cerca de 50% dos imigrantes virem do Brasil e dos PALOP’s é, para Filipe Santos, “uma vantagem enorme” porque garante uma “integração fácil no mercado de trabalho”, algo que não acontece na maioria dos países europeus.
Além disso, mais de 20% dos imigrantes são europeus e 1% são norte-americanos, o que significa que cerca de três quartos dos estrangeiros que chegam ao país são qualificados ou integram-se facilmente.
Portugal tem também a vantagem de beneficiar de “uma localização estratégica e segura” e de “ligações históricas com a América Latina e África”.
Para o coordenador do relatório, um dos principais fatores de captação de investimento internacional é o custo da energia, inferior à média europeia, por via do investimento feito em renováveis, assim como a cobertura de 5G e de fibra ótica em praticamente todo o território nacional, além da interconexão com uma rede de cabos submarinos que ligam o país à Europa e ao mundo.
A modernização da agricultura e da fileira florestal, o investimento nos recursos do mar, a existência de reservas de metais valiosos como o lítio são outros fatores apontados, a par de um setor financeiro “sólido”, com a banca a demonstrar capacidade de financiamento da economia.
No relatório, são ainda identificadas oportunidades de desenvolvimento em quatro áreas: Saúde (de que são exemplos o Instituto Gulbenkian de Ciência, O Centro Champalimaud e a Bial), Centros de Competências de Multinacionais (BNP Paribas, Siemens, Natixis, Bosch), Indústrias do Digital e da Cloud (Feedzai, Sword Health, centros de dados) e Defesa e drones (Tekever, cluster aeronáutico).
Como ameaças à economia, o coordenador do estudo alerta para a “crescente incerteza geopolítica” e para um eventual aumento das barreiras comerciais impostas pela administração Trump. Mas embora os Estados Unidos sejam o quinto maior parceiro comercial de Portugal, são o destino de apenas 7% das exportações portuguesas, o que significa que uma guerra tarifária teria um impacto no Produto Interno Bruto (PIB) inferior a 0,1%.
A segunda edição do Portugal Capital Markets Day 2025 conta com a presença de 55 investidores internacionais e tem como objetivo “atrair e promover o investimento nas empresas portuguesas cotadas”, segundo a presidente da Euronext Lisbon, Isabel Ucha.
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