Edição genética | A opinião do ‘The Observer’ sobre a alteração das restrições no Reino Unido

Referindo-se ao alívio das restrições à aplicação da edição do genoma em plantas e animais, um editorial deste mês do ‘The Observer’ advoga a favor da tecnologia, alertando para a necessidade do Reino Unido se posicionar na linha da frente da revolução que está a chegar à agricultura. Para isso, deve criar legislação favorável não só à edição genética como também à modificação genética.  

A regulamentação atual no Reino Unido é a que está em vigor na União Europeia, ou seja, não permite a utilização da engenharia genética em plantas e animais. Mas num mundo superpovoado e superaquecido que precisa desesperadamente de alimentos seguros e de limitar as emissões de dióxido de carbono, não faz sentido que essas barreiras continuem a restringir o progresso. “Precisamos urgentemente de soluções e a Grã-Bretanha, sendo um dos líderes mundiais em investigação com animais e plantas, deve ser livre para desempenhar um papel fundamental nessa revolução agrícola. A proibição de culturas e animais geneticamente modificados não deve ser mais tolerada”, escreve o jornal.

Nesta medida, o ‘The Observer’ considera que o governo britânico tem caminhado na direção certa, mas sublinha que as alterações propostas são “insatisfatórias”. O próximo projeto de lei referente à edição genética introduzirá um regime regulatório que autoriza a produção de culturas e animais com os genes editados. Significa que no novo quadro legislativo estes serão tratados da mesma forma que as culturas e animais produzidos por meios convencionais.

O jornal lamenta, no entanto, que o mesmo não vá suceder com a modificação genética, que tem uma gama mais ampla de aplicações do que a edição do genoma. A edição do genoma usa técnicas para alterar o DNA numa planta ou animal sem adicionar novo material genético; já a tecnologia dos OGM funciona introduzindo um gene totalmente novo para desenvolver uma nova linhagem ou raça. “As batatas resistentes à ferrugem e as variedades que produzem ômega-3 foram desenvolvidas dessa maneira, mas, de acordo com as propostas do governo britânico, não serão autorizadas pela nova legislação proposta.” Ou seja, a sua utilização continuará a ser proibida.

Para o ‘The Observer’, a recusa em aliviar as restrições aos transgénicos revela um pensamento equivocado. O governo britânico “continua a bloquear uma série de novos produtos agrícolas porque foram desenvolvidos usando um procedimento científico específico, independentemente de serem seguros para consumo. Isto é resultado da controvérsia de décadas que eclodiu após o desenvolvimento das primeiras culturas geneticamente modificadas. A alegação infundada de que os “alimentos Frankenstein” eram “antinaturais” e um perigo para a saúde humana e para o meio ambiente levou à difamação de toda uma tecnologia”, enfatiza o jornal.

O editorial do ‘The Observer’ termina com uma referência à Royal Society, que já afirmou que “os produtos agrícolas e pecuários devem ser regulamentados de acordo com as suas propriedades intrínsecas e não no método usado para desenvolvê-los. Caso sejam aprovados, devem seguir para o mercado, independentemente da forma como foram produzidos.” A não adoção de tal abordagem,refere o jornal, “prejudicará o objetivo de melhorar a sustentabilidade, resiliência e produtividade dos sistemas agrícolas, que, segundo o próprio governo, serão os principais benefícios do novo projeto de lei.”

Leia o artigo original aqui.

O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.


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