As ferramentas de edição do genoma, como o CRISPR, ajudam a acelerar processos naturais, deixando o próprio DNA das plantas ‘desbloquear’ características benéficas. Veja como isto pode ajudar a melhorar as nossa dieta e combater a má nutrição.
A má nutricição não afeta só os países pobres. Países desenvolvidos, como os Estados Unidos da América, sofrem também deste problema. Hoje, milhões de americanos estão subnutridos: apenas um em cada dez adultos e adolescentes consome as porções diárias recomendadas de frutas e legumes. As gorduras saturadas fazem mal à saúde, no entanto, uma pessoa em média come 30 quilos de batatas fritas todos os anos. Relativamente ao consumo de sódio, quase todas as pessoas com 2 anos ou mais de idade excedem a dose recomendada. A lista de erros alimentares é imensa.
A longo prazo, este nível de subnutrição pode levar ao desenvolvimento de doenças cardíacas, problemas de circulação, diabetes tipo 2, e pelo menos treze tipos de cancro. Mas, e se pudéssemos utilizar os recentes avanços científicos na edição do genoma para desenvolver plantas e alimentos saudáveis e eliminar o que os torna prejudiciais?
É precisamente isso que a edição do genoma foi concebida para fazer. Actualmente, os cientistas estão constantemente a explorar formas de melhorar o conteúdo nutricional das plantas, utilizando os seus processos genómicos naturais.
As ferramentas de edição do genoma, como o CRISPR, não introduzem DNA estranho. Pelo contrário, aceleram os processos naturais, deixando o próprio DNA das plantas desbloquear os traços mais benéficos. Resultado final? Alimentos mais saborosos, mais nutritivos e mais sustentáveis.
Exemplos:
– Óleos mais saudáveis, como por exemplo este óleo de soja geneticamente editado livre de gordura trans;
– Plantas oleaginosas como esta, com composição melhorada de ácidos gordos;
– Amidos duros (fibra alimentar) como este arroz com altos níveis de amilose. Cereais com elevado teor de amilose e amido resistente oferecem potenciais benefícios para a saúde;
– Frutas e vegetais com propriedades protetoras, como este tomate rico em antioxidantes ou este tomate Sicilian Rouge com uma maior quantidade de GABA (um aminoácido associado a baixa pressão sanguínea);
– Batata doce com maior teor de betacaroteno (quando consumido, é convertido pelo nosso organismo em vitamina A).
Estes são apenas alguns exemplos que mostram que as ferramentas revolucionárias de edição do genoma, como o CRISPR, podem ajudar a enfrentar muitos problemas de má nutrição, tornando a alimentação mais saudável e acessível.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.