Novo artigo científico da autoria de Investigadores do Instituto Superior de Agronomia sobre as alterações morfológicas do rio Tejo português, nos últimos 150 anos, conclui que a pressão humana resultou na perda de diversidade morfológica do rio.
O rio Tejo perdeu diversidade morfológica ao longo dos últimos 150 anos.
Esta é a principal conclusão do estudo desenvolvido pelo Centro de Estudos de Florestais (CEF) do Instituto Superior de Agronomia (ISA) publicado recentemente na revista Catena.
Com o objectivo de reconstruir as trajectórias de alteração morfológica no Tejo português e de avaliar as consequências da crescente regularização hidrológica (construção de barragens) e das mudanças de uso do solo, a equipa de investigadores realizou uma análise temporal assente em três períodos distintos, com recurso a cartografia histórica e actual, tendo incidido sobre três zonas geomorfologicamente distintas.
Os três períodos analisados representam níveis crescentes de regulação hidrológica: 1855 (regulação baixa), 1940 (regulação média) e 2000 (regulação elevada). Geograficamente foram analisadas três zonas distintas do rio: Zona Alta, compreendendo o troço entre Vila Velha de Ródão e Belver, Zona Média, entre Belver e Constância e Zona Baixa, entre Constância e Vila Franca de Xira.
Os resultados mostram uma trajectória de alteração morfológica caracterizada pela redução de ilhas e de bancos, estreitamento do canal, redução da sinuosidade e abandono dos braços fluviais laterais. As alterações morfológicas estão na sua maioria relacionadas com a diminuição dos caudais de cheia e com a redução de sedimentos causada pela crescente construção de barragens. A intensificação agrícola, o aumento das florestas de produção e a diminuição dos matos Mediterrânicos são também responsáveis por alterações na dinâmica de sedimentos e na conectividade ribeirinha.
A Zona Alta apresentou a maior quebra de diversidade morfológica, enquanto a Zona Média mostra padrões de elevada variabilidade. A Zona Baixa reflecte mudanças contínuas mas menos pronunciadas.