
Há uma presença crescente no país que passa muitas vezes despercebida, mas que está a causar alterações profundas nos ecossistemas. O que à primeira vista parece apenas um detalhe na paisagem esconde um problema que especialistas consideram urgente resolver. “Em Portugal a situação é grave e há que agir”, alerta Hélia Marchante, professora da Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra e investigadora no CERNAS.
Impactos na saúde e na economia
De acordo com a especialista, esta situação provoca mudanças profundas na vegetação e no solo, com efeitos que se refletem na biodiversidade e na saúde pública. O pólen produzido pode causar problemas respiratórios em pessoas com rinite ou asma, enquanto os custos associados à gestão da ameaça impactam setores económicos como a floresta.
Segundo o SAPO, é possível contribuir através da ciência cidadã, identificando e registando os pontos críticos em aplicações como iNaturalist ou BioDiversity4All, criando mapas mais precisos da distribuição e reforçando as ações de controlo.
Estudos revelam efeitos ambientais
Investigadores da Universidade de Coimbra estudaram a presença crescente desta espécie na Serra da Lousã. Raquel Juan Ovejero, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra e da Universidade de Vigo, liderou o estudo que analisou alterações na vegetação, no solo e nas comunidades de colêmbolos, pequenos invertebrados essenciais para a decomposição e o ciclo de nutrientes.
O trabalho mostra que, à medida que a presença aumenta, diminui a abundância de plantas herbáceas e a riqueza de espécies, enquanto alterações na folhagem e no solo modificam a disponibilidade de nutrientes e afetam a fauna local de forma subtil, mas relevante.
De acordo com a investigadora, Portugal é o país mediterrânico com maior número de espécies invasoras deste tipo, situação agravada pelo abandono rural e pela fragmentação florestal.
Estratégias de controlo
Os especialistas alertam que a gestão eficaz exige intervenções precoces. Cortes manuais ou mecânicos, descasque, aplicação localizada de herbicida e corte de manchas mais extensas são as estratégias mais utilizadas. A restauração de habitats nativos é também considerada essencial para reduzir o risco de novas invasões.
Consequências para os ribeiros
Outro estudo da mesma universidade analisou ribeiros na Serra da Lousã, comparando áreas afetadas e não afetadas.
Constatou-se que a presença desta espécie diminui a diversidade de organismos aquáticos e compromete funções ecológicas essenciais, como a reciclagem de nutrientes. Comunidades menos diversas revelam menor capacidade de adaptação a alterações ambientais e climáticas.
A urgência de agir
Segundo o SAPO, a situação em Portugal continua crítica e exige ação coordenada. Identificar, monitorizar e intervir de forma consistente são passos fundamentais para travar a expansão e proteger os ecossistemas sob crescente pressão.
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