Estrume

Empresa vai produzir biometano através de efluentes agroindustriais em Leiria

Uma empresa vai criar uma unidade de produção de biometano a partir de efluentes agroindustriais em Leiria, numa iniciativa que é mais um passo para a resolução da poluição ambiental, disse à agência Lusa um vereador do Município.

Desenvolvido no âmbito de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência, através do Programa de Apoio à Produção de Hidrogénio Renovável e outros Gases Renováveis, com duas fases de investimento, “o projeto garante solução para cerca de 300 toneladas/dia de efluentes produzidos no concelho, dando um importante contributo para a resolução de um dos principais problemas ambientais da região”, referiu Luís Lopes.

“Está previsto que 40% dos efluentes diários sejam avícolas, 40% de extração suinícola e outros resíduos, nomeadamente está-se a perspetivar hortofrutícolas para esta área. Desta forma, garantimos um encaminhamento correto dos efluentes e a transformação desses efluentes em biometano e também em fertilizantes sólidos e líquidos, que podem ser depois utilizados para fins de rega e para os solos”, explicou o vereador com a pasta do Ambiente.

Luís Lopes acrescentou que o projeto é rentável para todos e deixa de haver “um efluente para tratar” e passa-se a “ter uma matéria-prima para transformar e voltar a ter disponíveis energia e fertilizantes”.

A infraestrutura ficará localizada na freguesia do Coimbrão, junto à Estação de Tratamento de Águas Residuais Norte, onde será instalada a Unidade de Produção de Biogás e Unidade ‘upgrading’ e liquefação, prevendo-se uma capacidade de produção de energia de 40-50 GWh/ano, com início de construção ainda este ano.

Segundo Luís Lopes, face à transição energética, “impõe-se que haja alternativas aos combustíveis fósseis” e a empresa, que irá investir 20 milhões de euros neste projeto, conta ainda com uma “grande área já planeada para painéis fotovoltaicos”. Portanto, “toda a energia que se irá produzir ali será energia considerada verde”.

Além da produção da “injeção em rede de gás natural”, a proximidade com a ETAR permite uma “complementaridade”, podendo ainda aproveitar a requalificação dos efluentes e das lamas em fertilizante.

Luís Lopes referiu à Lusa que a autarquia “acabou por servir como facilitador relativamente à escolha do local, a identificação de onde é que existe a matéria-prima e à própria candidatura do PRR”.

“A seleção do terreno é importante, porque a grande maioria destas unidades a nível internacional fazem injeção direta nos gasodutos, o que significa também que os países começam a ser muito mais autónomos nas suas necessidades de gás natural. Não vamos conseguir produzir o gás que precisamos, mas gradualmente vamos diminuindo a quantidade que precisamos de gases fósseis e ir substituindo por biometano, que é o mesmo gás. Chamamos de metano, porque é obtido através de energias renováveis, de tratamento de efluentes”, afirmou.

Trata-se de um investimento liderante nesta área em Portugal, que gera energia suficiente para alimentar o consumo de 81 autocarros urbanos que percorram 200 quilómetros por dia, referiu a autarquia.

“Procurámos junto do promotor demonstrar que Leiria é um local viável, que tem todas as condições que eles necessitam para desenvolver a sua atividade. Depois também fornecemos lista de contacto com os produtores, quer suinicultores quer avícolas, quer bovinos e outros, inclusivamente, para que eles possam primeiro fazer este diagnóstico”, acrescentou.

O vereador socialista sublinhou que o projeto está “praticamente concluído” e já há produtores que estão a “firmar acordos de entregas” de efluentes.


Publicado

em

, ,

por

Etiquetas: