Espanha. Agricultores de Valência alertam: UE estuda proibição da substância activa sulfoxaflor em insecticidas

A Associação Valenciana de Agricultores (AVA-ASAJA) garante que, um ano depois de decretar a proibição do uso das substâncias activas clorpirifos e clorpirifos-metilo, a União Europeia estuda agora a proibição do sulfoxaflor, que “os agricultores empregam para fazer frente à praga do cotonet sul-africano”, o insecto Delottococcus aberiae.

E advertem aqueles agricultores espanhóis que “os planos comunitários de proibir agora o sulfoxaflor ameaçam dificultar ainda mais a precária luta” contra o insecto e “aumentar os danos nos citrinos e dióspiro”.

Refira-se que há vários anos que os ambientalistas — Pesticide Action Network Europe (PAN Europe), Bee Life European Beekeeping Coordination e Unione nazionale associazioni apicoltori italiani (Unaapi), tentam, junto da Comissão Europeia e dos tribunais, proibir a utilização de insecticidas com sulfoxaflor, alegando que estes levam à morte dos polinizadores, como as abelhas.

Mas, segundo estimativas da AVA-ASAJA, as perdas provocadas por aquela praga, depois da supressão dos clorpirifos e clorpirifos-metilo, dispararam e só na presente campanha, ascenderam aos 150 milhões de euros nos citrinos e dióspiros na Comunidade Valenciana.

Cada vez menos substâncias activas

Salientam ainda aqueles agricultores que as substâncias autorizadas para a luta conta o insecto Delottococcus aberiae foram reduzidas em 2020 à sulfoxaflor e à acetamiprida, que na opinião da AVA-ASAJA “se mostraram muito menos eficazes do que os clorpirifos e clorpirifos-metilo”, enquanto as soluções de combate biológico que estão em investigação “até hoje apresentam sérias dúvidas sobre o seu grau de implantação, preço e eficácia contra a peste”.

Para a direcção da Associação Valenciana de Agricultores, “Bruxelas realiza uma restrição insaciável e suicida de substâncias activas sem fornecer aos agricultores europeus alternativas mais sustentáveis ​​que sejam economicamente viáveis ​​e comprovadamente eficazes contra pragas e doenças ”.

O presidente da AVA-ASAJA, Cristóbal Aguado, considera “inaceitável que a UE propicie este desastre sanitário enquanto terceiros países continuam a despejar na Europa os seus citrinos tratados com substâncias activas proibidas aos agricultores comunitários”.

Concorrência da Turquia

A organização agrária informa ainda que o Sistema de Alerta Rápido para Alimentos e Rações (RASFF) relatou nos últimos dois meses pelo menos 15 interceptações de carregamentos de citrinos — tangerinas, laranjas e limões — da Turquia tratados com clorpirifós e clorpirifós metílico. Os países da UE que detectaram esses casos são Bulgária, Eslovénia, Croácia, Hungria e Polónia.

Perante esta situação, Cristóbal Aguado diz que “a UE continua a sufocar e tenta matar os produtores europeus de frutas e vegetais. Não sei o que mais tem de acontecer para que Bruxelas compreenda que é necessária uma mudança radical na sua política fitossanitária, que não ofereça aos agricultores europeus mais problemas, mas sim soluções eficazes para combater as pragas e doenças”.

E garante que isso só pode acontecer “impondo critérios científicos contra postulados ideológicos, apostando na pesquisa e eliminando a concorrência desleal de países terceiros. Se Bruxelas está empenhada em nos deixar em apuros e defender os nossos concorrentes, será necessário perguntar para que precisamos de uma UE”.

O artigo foi publicado originalmente em Agricultura e Mar.


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