
Pouco tempo depois, com as chamas a ameaçarem várias localidades espanholas, exigiram ao Governo central um reforço urgente de meios. Nessa altura, já os operacionais enfrentavam imprevistos e sentiam a descoordenação no terreno, com ineficácia, falta de pessoal e meios, que resultaram em episódios como o que se verificou na Galiza, quando um agente florestal não foi substituído a meio do combate.
Em Castela e Leão, os momentos complicados repetem-se. Num local reincidente em incêndios — onde morreram quatro pessoas há três anos —, só há populares a combater as chamas. Os vizinhos bem protestam e exigem apoio, mas os bombeiros não chegam. O El País diz que só a mudança de ventos e um grupo de pessoas conseguiu salvar a localidade afetada, mas o incêndio acabou por afetar a aldeia de Abejera, com várias pessoas a serem levadas para o hospital, onde ainda permanecem, com ferimentos.
A 13 de agosto, dois dias antes de Portugal, Espanha ativou o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia. Apesar de não ser a primeira vez que o faz, é a primeira vez que o ativou devido a incêndios — em 2020 recorreu a esta medida durante a pandemia da Covid-19 e em 2020 também, mas motivado pela tempestade DANA em Valência.
Desde que ativou o mecanismo, Espanha recebeu meios de sete países: Alemanha, Eslováquia, Finlândia, França, Itália, Países Baixos e República Checa. Num total de oito meios aéreos (dois aviões e dois helicópteros) e quatro equipas de bombeiros (190 operacionais).
Os sindicatos que representam os operacionais no terreno explicam que além das chamas é preciso combater deficiências há muito denunciadas. Uma delas será o congelamento, desde 1985, da carreira dos agentes florestais (como se viu pelo episódio na Galiza, uma peça fulcral destas operações). “Não há forma que [os governos] assuma que falta gente”, lamentou ao El País o agente florestal Alejandro Rodríguez.
Já com o colete da Proteção Civil, Alfonso Rueda começou a aparecer, mas as críticas continuaram. Os sindicatos reiteram que o responsável político pela comunidade autónoma da Galiza não aceitou mais apoios: as autoridades chegaram a recusar a ajuda de Bombeiros vindos de Pontevedra e enviaram para casa operacionais de Corunha e Lugo porque “já não eram necessários”, quando a região enfrentava um dos incêndios mais graves dos últimos anos.
Quem esteve no terreno descreveu “brigadas descoordenadas e paradas à espera de instruções durante horas”. Apesar dos bombeiros florestais conhecerem bem o território e serem experientes nas táticas contra o fogo, dizem ao jornal espanhol, “a falta de coordenação dos comandantes superiores e intermédios resultou em ineficiência”.
Já com os fogos a lavrar, as duas regiões mais afetadas lançaram apelos para preencher vagas e equipamentos. Mas mesmo esta incorporação precipitada causou problemas: os agentes florestais vêem-se obrigados a tentar evitar que os recém-integrados assumam a responsabilidade de dirigir o combate aos incêndios — os sindicatos reclamam que estes operacionais deveriam ser integrados sempre em março.
“Os fogos apagam-se no inverno”, repete um bombeiro em Castela e Leão.