A internacionalização de pequenas e médias empresas (PME) luso-brasileiras enfrenta desafios tradicionais, como burocracia, custos logísticos e regras regulatórias distintas. No entanto, ganha novas perspetivas com incentivos financeiros e oportunidades abertas por acordos comerciais no eixo Europa-América Latina, mobilizando Câmaras de Comércio, lideranças empresariais e especialistas. Um cenário que é acompanhado de perto pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira (CCILB), Otacílio Soares, que considera que as Câmaras de Comércio atuam como “mediadoras essenciais”, pois “criam pontes estratégicas no apoio à internacionalização empresarial”.
Com atuação entre Brasil e Portugal, tendo como foco a Europa, o Mercosul e a CPLP, a entidade, segundo o seu responsável, “orienta juridicamente, facilita acesso a financiamentos da União Europeia e de agências brasileiras e acompanha setores com potencial, como o agronegócio sustentável, a tecnologia, o turismo e as energias renováveis”.
Acordos entre blocos, como UE-Mercosul, “trazem oportunidades, mas também exigem preparo”. Desta forma, e para este responsável, é necessária “diplomacia económica mais ativa para que as PME cresçam nos dois lados do Atlântico”.
Incentivos e estratégias para acelerar o progresso
Estudo publicado no Journal of International Management, conduzido por Jorge Carneiro (FGV EAESP), Edgar Nave e João Ferreira (Universidade da Beira Interior – UBI), em Portugal, analisou 171 PME portuguesas para entender a “internacionalização precoce”, com entrada em mercados externos.
O levantamento destaca três fatores decisivos: “cultura de inovação, autonomia para colaboradores e agressividade competitiva — capacidade de reagir rapidamente à concorrência”.
“Tomada de risco e proatividade”, ao contrário do esperado, não tiveram impacto significativo, segundo o estudo, indicando que, no início, “as empresas tendem a reagir a estímulos externos”.
Oportunidades nas redes de “coopetição”
A pesquisa ressaltou a importância da “coopetição (termo que combina “cooperação” e “competição”), parcerias estratégicas entre concorrentes para acelerar a inovação e a entrada em novos mercados”, além das “alianças com fornecedores e clientes, formas tradicionais de cooperação”, não tiveram o mesmo efeito.
Para os autores, PME que unem inovação, autonomia, agressividade competitiva e redes de “coopetição” têm mais chances de vencer barreiras e de se posicionarem globalmente.
“Com o apoio da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, essa tipologia de negócios pode transformar desafios em oportunidades e consolidar a presença de empresas no eixo Europa-América Latina, de forma positiva, tendo acesso direto e específico a empresários, investidores e entidades de financiamento. A ideia é funcionarmos com uma ponte entre os mercados dos dois lado do Atlântico. E temos obtido resultados bastante relevantes”, confirmou Otacílio Soares, que recorda que “todas as ações e serviços de internacionalização de empresas estão no escopo de atuação dos associados da Câmara de Comércio” que lidera.
O artigo foi publicado originalmente em Gazeta Rural.