Financiamento

Especialistas consideram investimentos do PRR insuficientes

Associações e regulador entendem que as verbas devem ser distribuídas por todo o país e não apenas destinadas a algumas regiões e em áreas como a reabilitação das infraestruturas de distribuição de água. Rodolfo Alexandre Reis

Os valores previstos pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para o sector das águas são suficientes?

Eduardo Marques
Presidente da associação das empresas portuguesas para o sector do ambiente (AEPSA)

O PRR prevê escassos fundos para o sector das águas e direcionados para três regiões – Alentejo, Algarve e Madeira – o que está longe de resolver os problemas estruturais do sector. As necessidades de financiamento verificadas, quer a nível de eficiência, quer a nível de reabilitação de ativos, não se resolvem com estes fundos. De acordo com o Novo Plano Estratégico PENSAARP 2030, no cenário considerado mais recomendável são necessários cerca de 5.500 M€ de investimentos nesta década. A AEPSA entende que a melhor forma de garantir os financiamentos será através de uma melhor gestão, que liberte margens para os investimentos e não ser subsídio dependente de fundos comunitários, O setor da água, se for convenientemente gerido e se for efetivamente percecionado o real valor da água, tem todas as condições para criar riqueza e ser economicamente sustentável.

Carlos Coelho
Presidente da Comissão Diretiva da associação portuguesa dos recursos hídricos (APRH)

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) engloba 20 componentes. A componente C9 (Gestão hídrica) abrange a execução de alguns projetos específicos, incluídos no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve (200 M€), a construção do Aproveitamento hidráulico de fins múltiplos do Crato (120 M€) e os projetos do Plano de eficiência e reforço hídrico dos sistemas de abastecimento e regadio da Região Autónoma da Madeira (70 M€). Estes projetos permitirão a Portugal estar mais bem preparado para as incertezas hidroclimáticas e mudanças climáticas, que os cientistas têm vindo a alertar, contudo não respondem às necessidades totais. O PRR não abrange investimentos relevantes na área da reabilitação das infraestruturas de distribuição
de água, que apresentam perdas de água significativas, e outros investimentos, designadamente a construção de eventuais outras centrais dessalinizadoras (para além da prevista para o Algarve, já incluída no PRR), e outras novas infraestruturas de armazenamento de água (e.g. Alvito, na bacia do Tejo, e Foupana, no Guadiana). A reabilitação das barragens existentes, origens de água importantes, e investimentos na melhoria de funcionamento das ETAR não estão também contemplados no […]

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