
Levar conhecimento ao negócio agrícola é o propósito da terceira edição das Lisbon Agri Conferences, um evento que vai reunir especialistas de vários quadrantes para debater temas como a água, o potencial da agricultura regenerativa ou o impacto da inovação e da inteligência artificial (IA). O evento vai decorrer a 4 e 5 de novembro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e a cerimónia de abertura contará com uma mensagem do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“A agricultura enfrenta inúmeros desafios difíceis pela frente: um clima em mudança, regulamentações cada vez mais rigorosas, escassez de mão de obra, pressão constante de pragas e doenças e ainda as exigências de sustentabilidade, apenas para citar alguns. A inteligência artificial será um poderoso recurso no conjunto de ferramentas do sector para enfrentar esses desafios e para aumentar a produtividade”, afirma Elliott Grant que, no laboratório de pesquisa e desenvolvimento da Google [X], liderou o desenvolvimento de IA fundamental para a agricultura.
foi quanto subiu o rendimento do sector agrícola em 2024, com valor acrescentado bruto (VAB) da agricultura a representar 1,97% do PIB de Portugal
Para o especialista, a melhor forma de compreender o papel da IA é pensar em como vai modificar a agricultura a nível sistémico, e identifica cinco transformações fundamentais: na recolha de dados mais eficiente, rápida e económica; no acesso ampliado e gratuito ao conhecimento; um processo otimizado de tomada de decisões diárias feitas por IA, “desde a escolha das sementes até à gestão das culturas”; na substituição ou complementaridade de algumas tarefas pela automação e robótica; e finalmente a “mais desafiante”, no “aprofundamento da nossa compreensão do mundo natural”. “Espero que, ao tirar partido da inteligência artificial, testemunhemos avanços na agricultura de uma magnitude comparável aos dos últimos 125 anos — mas condensados na próxima década”, perspetiva.
Soluções mais resilientes para a água
António Carmona Rodrigues, líder da estratégia nacional para a gestão da água – “Água que Une” e presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal afirma que há já vários exemplos de sucesso na gestão da água na agricultura no país, com sistemas de regas modernos, baixas perdas e uma boa monitorização, mas que há ainda um trabalho importante a fazer na modernização dos perímetros públicos (áreas delimitadas à volta de captações de água destinadas ao abastecimento público). “Há cerca de 150 mil hectares dos regadios públicos construídos nos anos 50, 60 e 70 que nunca foram modernizados devidamente e que têm perdas”, afirma.
Carmona Rodrigues diz ainda que hoje em dia os desafios do abastecimento de água obrigam a recorrer a soluções mais resilientes. “Já passou o tempo do recurso só a águas subterrâneas e a rios e ribeiras. Temos hoje de considerar outras duas origens complementares: as dessalinizadoras e as águas residuais tratadas. Estamos num paradigma também de mudança em que esta gestão é mais complexa, mas dá mais garantias e é mais resiliente”.
“Os desafios da água hoje em dia não podem deixar de incluir as dessalinizadoras”, diz Carmona Rodrigues
Para o professor e cientista Daniel Ramón, a utilização combinada das inovações disruptivas dos últimos 25 anos será o grande motor da transformação na agricultura. “Refiro-me à genómica, à inteligência artificial, robótica, ciência dos nanomateriais e fermentação de precisão, entre outros. Já existem bons exemplos”, diz, embora admita que esta não é uma tarefa fácil: “O sector agroalimentar, ao contrário de outros, não está habituado à inovação”, lamenta. Daniel Ramón alerta ainda para a desertificação dos campos como uma ameaça, mas também aponta a questão da regulamentação como uma barreira importante ao crescimento e modernização da agricultura.
Pode saber mais sobre as Lisbon Agri Conferences AQUI e nos artigos que serão publicados no site do Expresso nos dias dos eventos e na edição em papel.
O Lisbon Agri Conferences é um evento de dois dias que vai reunir reconhecidos oradores nacionais e internacionais e que tem como missão levar conhecimento ao negócio agrícola, promovendo um sector com responsabilidade, dinamismo e sustentabilidade. As palestras e mesas redondas pretendem ainda promover uma reflexão sobre o futuro da agricultura e partilhar estratégias no campo da inovação.
Quando, onde e a que horas?
O evento vai decorrer a 4 e 5 de novembro no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. No primeiro dia, a conferência decorrerá entre as 9h e as 19h45, e no segundo dia, entre as 8h30 e as 13h30.
Quem são os oradores?
- João Moreira Rato, presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG), Portugal
- Manuel Pimentel, editor e fundador da Almuzara Libros, Espanha
- Benjamin Subei, partner na The Boston Consulting Group, Alemanha
- Enrique González, partner na The Boston Consulting Group, Espanha
- Ivo Sajanovic, professor de Commodities Agrícolas na Universidade de Genebra, Suíça
- Carlos Blanc, CEO da Citri&Co, Espanha
- Elliott Grant, membro sénior da Universidade de Cambridge, Reino Unido
- Imanol Almudí, CEO da Agroponiente, Espanha
- Juan Martínez Barea, fundador e CEO da Savian, Espanha
- Daniel Ramón, professor na Universidade Cardenal Herrara, Espanha
- António Carmona Rodrigues, presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal (AdP)
- Pedro Santos, CEO e partner na CONSULAI
- Francisco Gomes da Silva, sócio-fundador da AGROGES, Sociedade de Estudos e Projetos
- Ondina Afonso, presidente do Clube de Produtores Continente, Portugal
- Matthew Corbett, fundador e partner da Fiera Comox, na área de agricultura
- Paul McMahon, managing partner na SLM Partners, EUA
- Gianluca Boccanera, global managing diretor da Starlight, empresa do grupo NextEnergy, Itália
- Jeroen Meerburg, diretor do Carbon Bank do Rabobank, Países Baixos
- Julio Audicana, professor na San Telmo Business School, Espanha
- João Pacheco, membro sénior no think tank Farm Europe e consultor independente.
- Madalena Oliveira, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP)
Porque é que este tema é central?
A agricultura é fundamental para a subsistência e o futuro da humanidade. Um melhor aproveitamento e rentabilização de recursos contribuem para uma atividade mais justa e eficiente que beneficia não só as empresas, mas toda a cadeia de valor, bem como o consumidor final. Esta é uma oportunidade importante de partilha de conhecimento e experiências entre decisores políticos, partes interessadas no sector agrícola, inovadores e empreendedores que conduzem ao desenvolvimento de soluções práticas que melhoram a atividade.
Onde posso assistir?
Pode acompanhar os principais momentos do evento através do Facebook e assistir em modo online às sessões, através do Expresso.
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