Um estudo sobre o setor da castanha nos concelhos do Sabugal, Fundão e Covilhã, na Beira Interior, revela que os agricultores do Sabugal, no distrito da Guarda, estão “mais envolvidos na produção da castanha”, foi hoje anunciado.
A conclusão consta de um projeto sobre o ciclo de vida e sustentabilidade das produções de castanha nos três concelhos da Beira Interior, que está a ser elaborado pelo CATAA – Centro de Apoio Tecnológico Agro Alimentar (Castelo Branco), no âmbito do projeto “Cultivar” que envolve aquela entidade, a Universidade de Coimbra e o Instituto Politécnico de Castelo Branco.
“No Sabugal há muita produção [de castanha] enquanto na Covilhã e no Fundão não. Isso tem a ver com o envolvimento do agricultor. Aqui, no Sabugal, os agricultores são muito mais envolvidos na produção da castanha, enquanto na Covilhã e no Fundão só vão lá colher e fazer uma manutenção muito básica”, disse hoje à agência Lusa o investigador do CATAA Christophe Espírito Santo.
Segundo o responsável, no âmbito do estudo que está a decorrer, os investigadores fizeram “um levantamento de várias produções de castanhas” nos três concelhos, que são “mais ou menos parecidas em termos de tamanho” mas, “em termos de volume de produção já são um bocadinho diferentes”.
“Os resultados que nós temos é que, basicamente, são culturas tradicionais que gastam muito pouca água, há muito pouco consumo de combustíveis fósseis e apesar de haver uma maior libertação de gases como o CO2 que fazem efeito estufa, [os castanheiros] são pouco poluidores e se nós queremos ter uma produção acima de 20 toneladas de castanha por ano, é melhor apostar por uma produção como é feita no Sabugal, do que, por exemplo, na Covilhã ou no Fundão”, disse.
Na opinião de Christophe Espírito Santo, caso os produtores optem por “uma produção muito baixa, mais para consumo familiar, é muito melhor apostar como fazem na Covilhã e no Fundão”, o que “acaba por ser um bocadinho menos poluidor”.
“[Com o estudo] nós estamos a tentar demonstrar que apostar no castanheiro é sustentável”, referiu o investigador do CATAA.
Os primeiros resultados do projeto “Análise de ciclo de vida e sustentabilidade das produções de castanha – Estudo comparativo entre concelhos de Sabugal, Covilhã e Fundão” foram apresentados na 5.ª Feira das Tecnologias para a Energia – ENERTECH, que decorre até sábado na cidade do Sabugal.
No âmbito da iniciativa está também a ser preparado um estudo clínico nutricional com voluntários que vão comer castanhas durante um período de tempo e verificar “o efeito na saúde” e outro para conservação pós colheita para os produtores conseguirem vender os frutos “numa época que tenha preços mais apetecíveis”, disse Christophe Espírito Santo.
O projeto “Cultivar”, onde se insere o estudo, começou em dezembro 2019 e prolonga-se até junho de 2023.
A “Análise de ciclo de vida e sustentabilidade das produções de castanha – Estudo comparativo entre concelhos de Sabugal, Covilhã e Fundão” começou em 2020 e os investigadores estão na fase de tratamento dos dados, para publicação numa revista internacional.
O estudo envolve oito produtores de castanha, sendo quatro do Sabugal (dois da zona de produção de Pousafoles e dois da de Foios) e os restantes do Fundão (dois) e Covilhã (dois).