Estudo | Efeitos da estratégia F2F analisados à lupa

Um estudo recente da Universidade de Quiel analisa os efeitos da estratégia ‘Farm to Fork’ na produção, consumo e comércio de produtos agrícolas relevantes dentro da União Europeia. Os resultados indicam que a implementação da F2F resultará numa redução significativa da produção agrícola na UE.

A aplicação integral da Estratégia Farm to Fork vai levar a uma significativa redução da produção agrícola. Esta é a principal conclusão de um estudo publicado em setembro realizado pela Universidade de Quiel, na Alemanha, que analisa os impactos da F2F na produção, consumo e comércio de produtos agrícolas relevantes dentro da União Europeia.

A estratégia vai concentrar-se inicialmente na aplicação das seguintes restrições, que sintetizam os grandes objetivos do Acordo Ecológico Europeu:

  • Redução do uso de fertilizantes minerais em 20%;
  • Redução do uso de pesticidas em 50%
  • Redução do balanço do excedente de nitrogénio em 50%
  • 10% da área agrícola em uso deve ser convertida em paisagens de alta diversidade;
  • A agricultura biológica deve ocupar 25 % da área agrícola.

Do ponto de vista da produção, os resultados do estudo mostram que a implementação da estratégia F2F implicaria:

Queda na produção – A Estratégia F2F levaria a um declínio significativo na produção, com a redução do balanço de nitrogénio em 50% a provocar os impactos mais fortes. Na prática, a queda na produção varia de -20% para a carne bovina, -6,3% para o leite, -21,4% para os cereais e -20% para as sementes oleaginosas. O número de animais também sofreria um decréscimo: -45% para gado de alimentação e -13,3% para vacas leiteiras e gado jovem.

Aumento dos preços na UE– A forte queda na produção implicaria um aumento de preços igualmente significativo dentro da UE. Os efeitos mais fortes poderiam ser observados no aumento do preço da carne bovina (+58%), da carne de porco (+48%), e do leite cru (+36%). Nas culturas, o aumento do preço iria variar entre +15% para frutas e vegetais (incluindo culturas permanentes e vinho), +18% para sementes oleaginosas e +12,5% para cereais. O impacto dos preços também poderia ser atribuído à redução do balanço de nitrogénio em 50%, enquanto o impacto das outras medidas da estratégia F2F produziriam um aumento moderado nos preços (+5%). A redução de pesticidas levaria a um aumento do preço sementes oleaginosas, frutas e vegetais (+10%).

Aumento dos preços fora da UE – Os aumentos de preços para países fora da UE seriam muito mais moderados do que dentro da UE: +7,4% para a carne bovina, +10,2% para a carne suína, +4% para leite cru, +1,5% para frutas e vegetais (incluindo culturas permanentes e vinho), +3,3% para sementes oleaginosas e +3,8% para cereais.

Redução do uso de fertilizantes – A aplicação de fertilizantes minerais, de pesticidas e de fertilizantes biológicos por hectare (ha) seria fortemente reduzida (-51%, -58% e -25%, respectivamente). Este declínio no uso de fertilizantes e pesticidas poderi ser parcialmente compensado pelo aumento dos esforços em outras áreas, como controle mecânico de ervas daninhas e cultivo do solo, mas levaria a um aumento nos custos de +50% nessas áreas.

Uso do solo mais condicionado – A implementação da estratégia F2F implicaria um forte crescimento das áreas reservadas e de prioridade ecológica (+11 milhões de ha) e um aumento ligeiro do uso da área agrícola com pastagens (+ 0,5 milhões de ha). No entanto, a implementação da Estratégia F2F também implicaria a transformação de 1,5 milhões de ha de área florestal em área agrícola.

Aumento da área de paisagem de alta diversidade – A conversão de pelo menos 10% da área agrícola em uso em paisagens de alta diversidade resultaria numa extensão das áreas reservadas e de prioridade ecológica em aproximadamente 10 milhões de ha.

Para além dos impactos económicos na produção, o estudo da Universidade de Quiel analisa também as implicações da Estratégia Farm to Fork no comércio, no bem-estar, no ambientes e nas políticas agrícolas.

Mais informações no Sumário Executivo.

O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.


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