Estudo: Melhoria da gestão hídrica pode minimizar o impacto das alterações climáticas

O projeto “Conhecer para Prever o Futuro”, do PDR 2020 – Programa de Desenvolvimento Rural de Portugal, revelou que a melhoria da gestão hídrica pode minimizar o impacto das alterações climáticas.

Segundo explicado em comunicado, no âmbito do projeto, foram realizados vários estudos com o objetivo de prever as necessidades de água para rega em cada cultura e assegurar essa disponibilidade futura nos aproveitamentos hidroagrícolas nacionais e, em função das mudanças climáticas, alterar as práticas agrícolas ou estratégias de rega.

Análise geral

O projeto incidiu em 31 aproveitamentos hidroagrícolas coletivos públicos, onde foram avaliadas as necessidades de água tendo em conta um aumento da temperatura na ordem dos 1,8⁰C e um cenário com uma temperatura superior em 2,2⁰C.

Em termos globais, as necessidades de água para rega aumentam 16,5% no primeiro cenário e 27,5% no segundo, considerando uma situação agronómica igual à atual. Os aproveitamentos hidroagrícolas mais afetados serão o Vale da Vilariça (Trás-os-Montes) e o Sotavento Algarvio (Algarve).

Análise por cultura

Nas culturas anuais, os estudos revelam que o impacto das alterações climáticas será um encurtamento do ciclo da cultura, uma sementeira mais precoce, o que reduz a exposição destas culturas aos períodos de temperaturas excessivas, permitindo também reduzir o consumo de água destinada à rega.

Nas culturas permanentes, em particular o olival, o aumento da temperatura leva a uma antecipação da floração e a um aumento do período de dormência estival da cultura, tornando a colheita da azeitona mais tardia. Neste caso, verificar-se-á um aumento das necessidades rega na ordem de 15% e 23%, para cada um dos cenários climáticos. Se o produtor aplicar um maior stress hídrico nos períodos de menor sensibilidade hídrica, poderão obter-se poupanças de água até 22%.

Nas culturas forrageiras, resulta no encurtamento do ciclo e, consequentemente, no aumento da produção. Neste caso, terá de ser acompanhado por um aumento das necessidades de rega de 38,4% e 67,1%, para cada dos cenários climáticos. Se o produtor não aumentar o número de cortes, o encurtamento levará a que as necessidades de rega diminuam entre os 31,1% e os 64%, nos respetivos cenários climáticos.

Recomendações

O projeto recomenda a implementação de medidas de redução de consumos e de poupança de águas nas regiões mais críticas, em articulação com vários atores, sendo que a articulação das várias medidas é a base para a maior eficácia na redução dos gastos de água, permitindo um menor impacto económico, social e ambiental.

O projeto “Conhecer para Prever o Futuro” desenvolveu-se no âmbito da assistência técnica da Rede Rural Nacional e teve como entidade líder a DGADR, como parceiro o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR), e colaboração científica do Instituto Superior de Agronomia (ISA).

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


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