“O vírus Schmallenberg circula em elevadas altitudes e é endémico em rebanhos de ovinos no centro de Portugal, incluindo em rebanhos com movimentação restrita”, revelou uma investigação de doutoramento em Ciências Veterinárias de Fernando Esteves, apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), noticia o Notícias de Vila Real. Recorde-se que os primeiros casos na Europa deste vírus, conhecido pela sigla SBV, remontam a 2011. Em 2018, já tinha sido detetada a presença em Portugal.
Para conhecer a epidemiologia do SBV em Portugal, o investigador realizou “um estudo serológico para estimar a presença de imunoglobulina G contra esse vírus em ovinos, consistindo tal, numa amostragem aleatória estratificada nas cinco regiões de Portugal continental (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve)”.
A investigação deu atenção especial à região da Serra da Estrela, uma área geográfica de elevada altitude e baixa temperatura, fatores hostis à circulação do inseto responsável pela transmissão da doença. Dessa maneira, foram envolvidas 168 ovelhas distribuídas por 42 rebanhos registados oficialmente como detentores de animais da raça Serra da Estrela.
Para se aferir do nível de importância da circulação, desenhou-se uma investigação serológica longitudinal de dois anos, usando amostras de leite de tanque de 68 explorações. Foi observada uma diminuição da seroprevalência com 92,6% das amostras de leite de tanque positivas em 2015 e, 77,9% em 2016 (p = 0,027).
O estudo relata que as diferenças observadas ao nível dos rebanhos, nos valores de seroprevalência de 2015 e 2016 parecem estar de acordo com os dados observados em outros países europeus. Nesses países, após um comportamento epidémico de disseminação do vírus Schmallenberg , seguiu-se uma diminuição do número de infeções.