Pedro Garcias

Eu, consumidor e produtor, sou adepto de alertas sobre os perigos do vinho para a saúde – Pedro Garcias

Defendo o mesmo para alimentos que podem ser igualmente perigosos, como o sal, o açúcar ou os enchidos. Não será por isso que deixarei de comer um belo cozido barrosão ou um pastel de nata.

Quando a minha filha mais velha, hoje com 22 anos, atingiu a maioridade, ainda tentei aliciá-la para o consumo de vinho, sabedor que na universidade iria beber coisas bem piores. Aluna de Medicina, nunca se deixou convencer, argumentando que o álcool destrói as células do cérebro.

Contra-argumentei com os inúmeros estudos que garantem haver diversos benefícios associados ao consumo moderado de vinho (um dos mais recentes, já agora, realizado por cientistas coreanos, concluiu que o consumo de um copo de vinho por dia pode reduzir o risco de demência). Mas não resultou. Mesmo tendo um pai produtor e uma mãe que bebe todos os dias meio copo de vinho ao almoço e ao jantar, ela só recorre ao stock da casa para oferecer ou partilhar em festas com amigos. No entanto, agora, quando sai à noite, bebe cerveja e, de vez em quando, até coisas bem piores, como gin e vodka.

Os prazeres da vida estudantil foram-se sobrepondo, e bem, aos ensinamentos dos professores do curso. Há sempre uma altura da vida para alguns excessos e a sua é agora. A minha filha continua a não beber vinho simplesmente porque não gosta, mas um dia, acredito, vai acabar por beber, quando perceber que um copo de vinho, bebido nas circunstâncias certas, é a melhor das bebidas alcoólicas e uma das mais extraordinárias invenções da humanidade, porque veio enriquecer a nossa alimentação e ajudar-nos a suportar melhor a nossa existência efémera.

Chegado aqui, confesso ser adepto da menção de alertas nas garrafas de vinhos sobre os efeitos nefastos do álcool. Para cada estudo científico favorável ao consumo moderado de álcool, há um ou mais que apontam em sentido contrário. Não é necessário ser cientista para saber que o álcool é tóxico. No vinho, mesmo surgindo diluído em cerca de 80% de água, há sempre uma quantidade de álcool que é ingerida e que vai actuar sobre o nosso corpo. Poderá ser boa para alguns órgãos do nosso corpo e ser maléfica para outras. Duvido que algum dia seja possível definir com rigor essa influência.

No ano passado, fui à região de Champanhe com três amigos e assistimos a uma bela prova do […]

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