A esmagadora maioria da nossa floresta é privada. E ninguém faz investimentos sem pensar em ganhar algo em troca, colher os frutos do seu trabalho. O eucalipto dá alguma esperança de retorno.
Uns comem os figos, a outros rebenta-lhes a boca.
Provérbio popular português
Dados recentes do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) dão-nos conta de que, nos últimos sete anos, o eucalipto foi, de longe (14 vezes mais do que o pinheiro-manso, em 2° lugar), a espécie mais requisitada em arborizações, sintoma de que é a única espécie alvo de algum interesse em investimento. Digo algum, porque são 120 mil hectares autorizados, dos quais 80 mil de eucalipto, quando no mesmo intervalo ardeu no país um milhão de hectares. O abandono não entra na contabilidade porque não pede autorizações…
O ambientalismo indigna-se, insulta quer governos quer proprietários, fala das riquezas produzidas pela floresta, repete a pergunta “que floresta queremos?”.
Efetivamente, podemos enunciar um vasto conjunto de valor ambiental produzido, de frutos e cogumelos à caça, passeios, ou educação ambiental, passando por espécies raras e/ou endémicas da fauna e da flora, pelo armazenamento de carbono, ou pela proteção contra erosão ou cheias. Uma enorme riqueza que interessa a todos nós, à sociedade.
Acontece, que a esmagadora maioria da nossa floresta é privada. E ninguém faz investimentos sem pensar em ganhar algo em troca, colher os frutos do seu trabalho…