Ondas de calor brutais estão a atacar tanto a Europa como os Estados Unidos esta semana, e prevê-se que arrastem também um calor abrasador em grande parte da China até finais de Agosto.
Além de temperaturas superiores a 40 graus Celsius (104 Fahrenheit), os incêndios florestais estão a assolar o sul da Europa obrigando a evacuações em várias cidades.
O calor escaldante faz parte de um padrão global de aumento das temperaturas, atribuído pelos cientistas à actividade humana.
Ondas de calor mais quentes e frequentes
As alterações climáticas tornam as ondas de calor mais quentes e mais frequentes. Este é o caso da maioria das regiões terrestres, e tem sido confirmado pelo painel global de cientistas climáticos da ONU (IPCC).
As emissões de gases com efeito de estufa das actividades humanas têm aquecido o planeta em cerca de 1,2 Celsius desde os tempos pré-industriais. Esta linha de base mais quente significa que temperaturas mais elevadas podem ser alcançadas durante eventos de calor extremo.
“Cada onda de calor que estamos a viver hoje em dia tornou-se mais quente e mais frequente devido às alterações climáticas”, diz Friederike Otto, um cientista climático do Imperial College de Londres que também co-lidera a colaboração na investigação da World Weather Attribution [consórcio que reúne especialistas climáticos de diferentes centros de investigação].
Mas há outras condições que também afectam as ondas de calor. Na Europa, a circulação atmosférica é um factor importante.
Um estudo publicado este mês na revista Nature revelou que as ondas de calor na Europa aumentaram três a quatro vezes mais depressa do que em outras latitudes médias do norte, tais como os Estados Unidos. Os autores associaram isto a mudanças na corrente de jacto – uma corrente de ar rápida do oeste para o leste no hemisfério norte.
Impressões digitais das alterações climáticas
Para descobrir exactamente o quanto as alterações climáticas afectaram uma onda de calor específica, os cientistas realizam os chamados “estudos de atribuição”, trabalhos que procuram encontrar provas de uma ligação entre dois fenómenos. Desde 2004, foram feitos mais de 400 estudos deste tipo para eventos climáticos extremos, incluindo calor, inundações e seca – calculando o papel que as alterações climáticas desempenharam em cada um deles.
Isto implica simular o […]